Colesterol e ovos são duas palavras que, por tradição se costumam encontrar na mesma frase. O tema tem sido alvo de debate há décadas, transformado em pergunta: está a ingestão de ovos associada às doenças cardiovasculares? A resposta não tem sido sempre a mesma. Agora, um novo estudo quer acabar com as dúvidas.
E as notícias não são as melhores para os amantes de ovos. Realizado por um grupo de investigadores da Northwestern Medicine, o estudo refere que os adultos que ingerem mais ovos e têm uma dieta mais rica em colesterol apresentam um risco significativamente maior de doenças cardiovasculares e morte por qualquer causa.
“A mensagem aqui é referente ao colesterol, que existem nos ovos, sobretudo nas gemas”, refere em comunicado Norrina Allen, autora do estudo e professora associada de medicina preventiva na Feinberg School of Medicine, da Northwestern University.
“Como parte de uma dieta saudável, as pessoas precisam de consumir quantidades menores de colesterol. As que o fazem têm um risco inferior de doença cardiovascular.”
O que falhou nos outros estudos
Sem novidade é o facto, também aqui reforçado, que as gemas são uma das maiores fontes de colesterol alimentar: um ovo grande tem 186 miligramas de colesterol na sua gema.
Também a carne vermelha, carne processada e produtos lácteos com elevado teor de gordura (manteiga, por exemplo) têm alto teor de colesterol, confirma Wenze Zhong, investigador na mesma instituição.
Norrina Allen realça isso mesmo e refere que estudos anteriores sobre o tema, que concluíram que comer ovos não aumenta o risco cardiovascular, tinham geralmente uma amostra menos diversificada, menor tempo de acompanhamento e capacidade limitada para se ajustarem a outros elementos da dieta.
“O nosso estudo mostrou que, se duas pessoas têm exatamente a mesma dieta e a única diferença são os ovos, então podemos medir diretamente o efeito do consumo destes nas doenças cardiovasculares”, acrescenta.
“E aquilo que verificamos é que o colesterol, independentemente da fonte, está associado a um risco aumentado de doença cardíaca.”
O risco de comer muitos ovos
A mais recente investigação sobre o tema analisou dados de 29.615 adultos americanos, de diferentes raças e etnias, que participaram em seis estudos.
Daqui foi possível perceber que a ingestão de 300 mg de colesterol na dieta por dia está associado a um risco 17% superior de doença cardiovascular e um risco 18% maior de mortes por todas as causas. O colesterol foi o fator determinante, independentemente do consumo de gordura saturada e outras gorduras.
Contas feitas, comer três a quatro ovos por semana está associado a um risco 6% mais alto de doença cardiovascular e um risco 8% maior de qualquer causa de morte.
Moderação é a palavra-chave
Comer ou não comer ovos, eis a questão. Com base neste estudo, recomenda-se uma ingestão reduzida de colesterol na dieta, o que significa que se devem reduzir os alimentos ricos em colesterol, como os ovos ou a carne vermelha.
Mas isso não significa banir por completo estes alimentos, salienta Zhong. Até porque estes alimentos são boas fontes de nutrientes importantes, como aminoácidos essenciais e ferro.
Em vez disso, é preferível escolher claras em vez de ovos inteiros ou comer os inteiros com moderação.
“Queremos lembrar as pessoas que há colesterol nos ovos, especificamente nas gemas, e isso tem um efeito prejudicial”, reforça Allen. “Coma-os com moderação”, acrescenta a especialista.