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Pandemia com impacto dramático no tratamento da osteoporose

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Um novo estudo, divulgado a propósito do Dia Mundial contra a Osteoporose, que se assinala esta terça-feira (20 de outubro), conclui que a pandemia de COVID-19, que afetou o tratamento de doenças não transmissíveis, está a ter um forte impacto na osteoporose.

O trabalho teve por base a Ferramenta de Avaliação de Risco de Fratura (FRAX®), que permite estimar a probabilidade de ocorrência de fratura osteoporótica a 10 anos e, desta forma, uma abordagem individualizada do tratamento. Ferramenta cujo uso foi, em média, 58% menor em abril do que em fevereiro de 2020. E, em Portugal, a redução foi superior a 75%.

As calculadoras FRAX estão disponíveis para 66 países, Portugal incluído. Amplamente adotado nas diretrizes clínicas para a osteoporose, o FRAX é um componente-chave no início do tratamento direcionado para reduzir a carga futura de fraturas.

Eugene McCloskey, professor de Doença Óssea do Departamento de Oncologia e Metabolismo da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, e autor principal do estudo, considera que, “enquanto ferramenta global, o FRAX oferece uma excelente oportunidade para explorar o impacto da pandemia na osteoporose, uma das principais doenças não transmissíveis com um impacto significativo em adultos mais velhos em todo o mundo”.

“Os resultados deste estudo revelam que, desde que a pandemia foi oficialmente declarada pela Organização Mundial de Saúde, a 11 de março, houve uma queda dramática no uso do FRAX, com uma redução média de 58%, mas variando até 96%.”

Muitos sem tratamento para a osteoporose

A análise do uso do FRAX revelou que, entre fevereiro e abril de 2020, o site registou 460.495 sessões, de 184 países, 210.656 das quais apenas em fevereiro.

Em março e abril, o número de sessões diminuiu 23,1% e 58,3% respetivamente, face a fevereiro de 2020, padrão não observado no mesmo período de 2019.

Na Europa, a maioria dos países (77,4%) reduziu o uso em pelo menos 50% em abril, com a Polónia, Eslováquia, República Checa, Alemanha, Noruega, Suécia e Finlândia a apresentarem as menores reduções (entre -2,85% a -44,1%).

Na América Latina, todos os oito países estudados apresentaram reduções superiores a 50%, sendo a menor redução observada no Brasil (-54,5%) e a maior no Equador (-76,9%).

Como resultado, estima-se que aproximadamente 175.000 doentes tenham sido excluídos da avaliação de risco de fratura em abril de 2020, sugerindo que, num período de três meses, mais de 0,5 milhões terão sido excluídos da avaliação, e uma porção significativa destes do tratamento necessário.

John Kanis, presidente honorário da Fundação Internacional da Osteoporose, considera que “a redução drástica no uso de FRAX reforça a preocupação generalizada de que a pandemia de COVID-19 está a ter um impacto prejudicial na gestão e resultados de médio a longo prazo para muitas doenças não transmissíveis, com repercussões graves para os indivíduos que não têm acesso a testes e tratamento oportunos, inclusive para a osteoporose”.

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