A artrite inflamatória é um grupo de doenças caracterizadas por dor e inchaço nas articulações, causado por inflamação subjacente, estimulada pelo sistema imunitário do corpo, que ataca os seus próprios tecidos. Deste grupo fazem parte a artrite reumatoide, artrite psoriática e espondiloartrite axial, cada uma com as suas próprias definições e capaz de afetar diferentes partes do corpo, mas que partilham a característica comum de inflamação e sintomas nas articulações. É para quem sofre destes problemas que a EULAR – Liga Europeia contra o Reumatismo lançou novas recomendações sobre os melhores cuidados.
Um aspeto importante do cuidado da artrite inflamatória é capacitar as pessoas a compreenderem o melhor possível a sua doença e a desenvolverem a sua capacidade de lidar efetivamente com os impactos práticos, físicos e psicológicos que causa no dia-a-dia. É o que os especialistas chamam de autogestão e que, embora importante, é muitas vezes esquecido.
Consciente desse facto, a EULAR criou um grupo a quem atribuiu a tarefa de desenvolver um conjunto de novas recomendações para ajudar a confirmar e divulgar os benefícios da autogestão e fornecer orientações e conselhos sobre como incorporá-la na prática clínica diária.
Composto por médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde, bem como doentes com artrite inflamatória, este grupo consultou ainda nove associações de doentes de oito países e analisou as evidências sobre intervenções eficazes para a artrite inflamatória e os recursos de autogestão disponíveis em toda a Europa.
Findo isto, desenvolveu três princípios abrangentes e nove recomendações individuais. Os princípios enfatizam que a autogestão significa que as pessoas devem ter um papel ativo na aprendizagem sobre a sua doença e devem participar no processo de tomada de decisão da escolha dos tratamentos, que deve ser partilhado.
Afirmou também que ter a confiança pessoal para realizar uma atividade com o objetivo de alcançar o resultado desejado tem um efeito positivo em vários aspetos da convivência com a artrite inflamatória.
Finalmente, o grupo destaca o papel das associações de doentes, como essencial para fornecer recursos valiosos para apoiar os doentes e equipas de saúde.
Quanto às recomendações, são elas:
1 – Os profissionais de saúde devem encorajar os doentes a tornarem-se parceiros ativos da equipa.
2 – A educação dos doentes deve ser o ponto de partida e sustentar todas as intervenções de autogestão.
3 – Intervenções de autogestão que incluam resolução de problemas e definição de metas e, quando relevante para o indivíduo e disponível, terapia cognitivo-comportamental, devem fazer parte da prática clínica de rotina para apoiar os doentes.
4- Os profissionais de saúde devem promover ativamente a atividade física no momento do diagnóstico e durante todo o curso da doença.
5 – Deve ser dado aconselhamento de estilos de vida com base em evidências, para melhor gerir comorbilidades comuns e os doentes devem ser orientados e incentivados pela sua equipa de saúde a adotar comportamentos saudáveis.
6 – Um melhor bem-estar emocional leva a uma melhor autogestão; por isso, a saúde mental precisa de ser avaliada periodicamente e deve ser feita uma intervenção apropriada, se necessário.
7 – Os profissionais de saúde devem estimular a discussão com os doentes sobre o trabalho e indicar as fontes de ajuda quando apropriado ou necessário.
8 – A saúde digital, como ‘apps’, pode ajudar os doentes nos autocuidados e deve ser considerada quando apropriado e disponível
9 – Os profissionais de saúde devem estar cientes dos recursos disponíveis para orientar os doentes, como parte da otimização e apoio à autogestão.
A EULAR espera que estas recomendações capacitem e forneçam apoio as pessoas com artrite inflamatória e incentivem uma abordagem de tratamento mais holística e centrada no doente. Seguir essas recomendações também levará a melhores resultados para as pessoas que vivem com estes problemas.