Mais de quatro em cada dez estudantes universitários portugueses (42,7%) já tiveram experiência de doença mental em algum momento da sua vida e um em cada cinco sofre atualmente de doença mental, revelam os dados de um inquérito ontem apresentado.
Tendo por base um inquérito sobre Estigma em Saúde Mental, promovido junto da população universitária portuguesa e que inquiriu 1.092 pessoas, o estudo confirma que a maioria dos estudantes inquiridos teve contacto com doenças mentais durante o período de faculdade (51,5%), com maior predominância em níveis de graduação mais elevados.
Os estudantes diagnosticados com doença mental no ensino superior (16,8%) têm maior propensão para conhecerem outras pessoas que tenham tido diagnóstico de doença mental (85,7% dos 51,5% com contacto com doenças mentais), revelam os dados, apresentados numa conferência que debateu o tema, enquadrada na 9ª Edição dos AUA! – ANGELINI UNIVERSITY AWARD.
Para a maioria dos inquiridos (66,7%), ter uma doença mental é diferente de ter uma doença física, com mais de 20% a admitirem que, se liderassem um processo de recrutamento para um emprego, a decisão de recrutar seria influenciada negativamente se conhecessem historial de doença mental do candidato.
Estigma promovido pela comunicação social
Para os jovens deste estudo, os meios de comunicação social são um dos principais responsáveis na promoção do estigma que existem face à doença mental, sobretudo pela forma como caracterizam os doentes mentais e as instituições de psiquiatria em novelas, filmes e séries.
A falta de debate pelos agentes políticos nesta matéria foi também referenciada, salientando-se a necessidade de literacia em saúde mental, revelam os inquiridos, com uma idade média de 23 anos, a maioria dos quais do sexo feminino (86,3% eram mulheres), com 46,5% da amostra a residir nos distritos de Lisboa e Porto e 53,8% a frequentar cursos relacionados com a área da saúde.