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A epilepsia pode tornar-se mais fácil de identificar graças a um teste de sangue

epilepsia

Investigadores da Universidade de Lund, na Suécia, descobriram níveis mais elevados de proteínas imunes no sangue antes e depois de uma crise epilética, o que significa que estes possíveis biomarcadores podem ser identificados através de um simples teste de sangue. O diagnóstico de epilepsia exige atualmente muitos recursos e distingui-la de outras doenças pode ser um desafio. Melhores os métodos de diagnóstico assim que o doente procura cuidados médicos após uma suspeita de convulsão é, por isso, uma necessidade urgente.

Epilepsia é o nome coletivo para a atividade anormal no cérebro que causa a perda temporária do controlo do comportamento e do movimento. A doença pode ser congénita, ser causada por um tumor, acidente vascular cerebral ou infeção no cérebro e causar sintomas muito diferentes, dependendo da parte do cérebro em que o episódio começa ou se propaga.

Os processos de inflamação que começam como uma resposta imunitária no corpo podem também provocar uma convulsão. É por isso que os investigadores começaram a procurar possíveis biomarcadores para a epilepsia dentro do sistema imunitário. Já tinham sido feitos estudos sobre o tema, mas os resultados até agora tinham sido mistos e difíceis de interpretar.

“No nosso estudo, temos um grupo cuidadosamente selecionado de participantes e temos muita informação de base sobre cada pessoa. Também levámos em conta uma série de fatores de confusão que podem afetar o sistema imunitário, tais como outras doenças neurológicas e imunológicas, infeções e várias condições psiquiátricas”, refere Christine Ekdahl Clementson, líder do grupo e professora associada na Universidade de Lund.

A equipa de investigação também comparou convulsões epiléticas com as chamadas convulsões psicogénicas não-epiléticas, que são um diagnóstico psiquiátrico que se manifesta através de sintomas clínicos que podem ser facilmente confundidos com epilepsia. É um problema crónico, que se acredita ser subdiagnosticado e, como resultado, é frequentemente tratado erroneamente com medicação para epilepsia. É por isso que existe uma grande necessidade de se poder distinguir mais facilmente entre as condições.

“A investigação para estabelecer se alguém sofre de epilepsia ou se é afetado por convulsões psicogénicas é de recursos intensivos. Pode exigir que o doente seja internado no hospital durante vários dias com vigilância constante por vídeo e eletroencefalografia, com pessoal médico à disposição 24 horas por dia. É difícil para o doente que leve tempo a chegar a um diagnóstico”, afirma Marie Taylor, médica e membro da equipa de investigação.

Os investigadores descobriram que os níveis de cinco marcadores de inflamação eram elevados de forma aguda nas pessoas que tinham sofrido uma convulsão epilética.

“Chamamos a estes marcadores ‘impressões digitais’, uma vez que envolvem várias proteínas relacionadas com a inflamação, com diferentes padrões de reação. Os doentes que tiveram epilepsia mostraram níveis elevados de uma das cinco proteínas mesmo antes das suas convulsões, um valor que transitoriamente aumentou ainda mais diretamente após a convulsão”, refere Marie Taylor.

Entre os doentes com convulsões psicogénicas, no entanto, não houve qualquer alteração nos biomarcadores. Isto pode significar que uma simples análise ao sangue de um doente após uma convulsão pode mostrar se a resposta imunológica é elevada. Se não for, há uma maior probabilidade de se tratar de uma convulsão psicogénica, o que fornece uma primeira indicação de como o doente deve ser avaliado mais profundamente.

“A fase seguinte é repetir os nossos estudos num grupo de doentes mais amplo e menos homogéneo, onde investigamos a ‘impressão digital’ em adultos com epilepsia. Também queremos ver se os biomarcadores reagem da mesma forma em crianças, onde as causas da epilepsia são mais frequentemente genéticas”, conclui Christine Ekdahl Clementson.

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