“Sabemos que a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) está muito subdiagnosticada”, afirma Paula Pinto, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP). Isto porque, explica a especialista, “há ainda falta de informação sobre o tema”, e também porque “muitos doentes com DPOC não relatam os seus sintomas ou demoram a discuti-los com o médico, conduzindo a falhas na gestão da doença”. É para ajudar a eliminar estas barreiras e permitir um diagnóstico mais rápido e um maior conhecimento sobre a DPOC que é lançada a plataforma online Lung Life, uma iniciativa da Boehringer Ingelheim que esclarece sobre a saúde dos pulmões e pretende estimular um diálogo entre a pessoa e o profissional de saúde.
A plataforma, que conta com o apoio do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEDResp), da Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas (RESPIRA) e da SPP, “vai permitir aumentar a possibilidade e a probabilidade de o doente conhecer melhor a doença e os seus sintomas”, refere Alfredo Martins, coordenador do NEDResp.
E, mais ainda, “contribuir para um melhor entendimento da sua progressão, facilitando tanto o diagnóstico, como a perceção do seu agravamento ou das suas melhorias e da resposta ao tratamento”.
Apesar de se poder prevenir e tratar, os dados do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias confirmam que a prevalência estimada da DPOC é, em Portugal, de 14,2% acima dos 40 anos (cerca de 800 mil pessoas), com aproximadamente 95% dos doentes com DPOC ligeira e 80% dos doentes com DPOC moderada permanecerem por diagnosticar.
“O doente chega tarde ao diagnóstico porque se sente culpado e porque desvaloriza os sintomas”, refere Paula Pinto, que esclarece que “o diagnóstico passa por fazer uma espirometria, exame que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira, ou seja, a quantidade de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade com que o faz. É assim um exame indolor e que consegue medir a nossa capacidade respiratória”.
E reforça a importância de ter o doente no centro da gestão da sua doença, o que implica que “o médico tem de o informar sobre o que é a sua doença e como a deve tratar”. Daí a importância da plataforma Lung Life não só “para o doente com DPOC, mas também para o fumador ou ex-fumador, que ainda não sabe que tem DPOC”, pois o tabaco é a causa de “85% dos casos”, acrescenta Paula Pinto.
Descobrir qual a idade dos pulmões
Com duas ferramentas – a Lung Age e a Lung Check – a plataforma permite “descobrir qual é a idade provável dos pulmões de uma pessoa, tendo em conta o sexo, a idade, altura e também o número de cigarros que fuma por dia, ou fumou, e os anos de tabagismo. O facto de se fumar tem um impacto negativo no pulmão e, portanto, leva ao seu envelhecimento mais acelerado, servindo a Lung Age para quantificar o impacto deste fator de risco na saúde pulmonar. O objetivo é sensibilizar a pessoa para que tente deixar de fumar”, explica Rui Costa, coordenador do GRESP.
A Lung Check é a segunda ferramenta e permite às pessoas que têm diagnóstico de DPOC “avaliar como esta afeta as suas vidas e quantificar esse impacto”, acrescenta.
A DPOC apresenta sintomas como “cansaço, falta de ar, tosse com expetoração”, refere Isabel Saraiva, presidente da RESPIRA. “Se a pessoa fuma e sistematicamente tem estes sintomas, deve procurar o seu médico, dizer-lhe que fuma e pedir orientação. É absolutamente fundamental que uma pessoa que fume pare imediatamente de fumar”, remata.