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Passar mais tempo na natureza é um remédio para vários males

os benefícios da natureza para a saúde

Menor risco de diabetes tipo II, doença cardiovascular, morte prematura, parto prematuro, stress e pressão arterial elevada: estes são apenas alguns dos benefícios de uma maior exposição à natureza, confirmados pela ciência.

Richard Louv, jornalista norte-americano e ativista pelos direitos das crianças, já tinha abordado o tema, criando mesmo o conceito de “deficit de natureza”, comum aos seres humanos, mas que afeta sobretudo as crianças, e que resulta do facto de se passar cada vez menos tempo ao ar livre.

Agora, é uma equipa da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, que garante que viver perto da natureza e passar tempo fora de quatro paredes tem benefícios significativos e abrangentes para a saúde.

O trabalho, realizado com dados globais de mais de 290 milhões de pessoas, não deixa dúvidas: “passar tempo na natureza certamente faz-nos sentir mais saudáveis. Mas até agora o impacto no nosso bem-estar a longo prazo não tinha sido totalmente compreendido”, refere Caoimhe Twohig-Bennett, autora principal.

“Reunimos a evidência de mais de 140 estudos, que envolveram 290 milhões de pessoas, para avaliar se a natureza realmente proporciona mais saúde.”

A informação recolhida incluía dados de 20 países, incluindo o Reino Unido, EUA, Espanha, França, Alemanha, Austrália e Japão, onde o Shinrin yoku, ou “banhos de floresta”, já são uma prática popular.

O ‘espaço verde’ foi aqui definido como um terreno aberto e não desenvolvido, com vegetação natural ou espaços urbanos com parques.

Os benefícios da natureza

A equipa fez a análise da saúde das pessoas com pouco acesso aos espaços verdes, comparando-a com a das que tinham maior exposição.

“Verificamos que passar tempo ou viver perto de espaços verdes naturais está associado a diversos e significativos benefícios para a saúde.”

Para além de reduzir o risco de diabetes tipo II, doença cardiovascular, morte prematura e parto prematuro, aumenta ainda a duração do sono.

“As pessoas que vivem mais perto da natureza também reduziram a pressão arterial, a frequência cardíaca e o stress. De fato, uma das coisas realmente interessantes que descobrimos é que a exposição aos espaços verdes reduz significativamente os níveis de cortisol, um marcador fisiológico do stress”, refere Caoimhe Twohig-Bennett.

Uma receita a seguir

Embora tenha sido estabelecida esta relação positiva entre natureza e saúde, ficou por saber exatamente o que está na origem deste relacionamento.

“As pessoas que vivem perto de espaços verdes provavelmente têm mais oportunidades de atividade física e socialização”, explica a investigadora, acrescentando que “a exposição a uma variedade diversa de bactérias presentes nas áreas naturais pode também trazer benefícios para o sistema imunitário e reduzir a inflamação”.

Andy Jones, coautor do estudo, considera que “procuramos muitas vezes por medicação quando não estamos bem, mas a exposição a ambientes promotores de saúde é cada vez mais reconhecida como prevenção e ajuda no tratamento de doenças. O nosso estudo mostra que o tamanho desses benefícios pode ser suficiente para ter um impacto clínico significativo”.

É por isso que a equipa que realizou o estudo espera que estes resultados levem os médicos e outros profissionais de saúde a recomendar que os doentes passem mais tempo em áreas verdes e naturais.

“Esperamos que esta investigação inspire as pessoas a sair mais e sintam os benefícios para a saúde por si mesmas”, afirma Twohig-Bennett.

“Esperamos que nossos resultados encorajem os responsáveis pelas políticas e pelo urbanismo a investir na criação, regeneração e manutenção de parques e áreas verdes, particularmente em áreas residenciais urbanas e comunidades carentes que poderiam ter mais benefícios.”

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