São conhecidos como dispositivos ‘wearables’, ou seja, que podem ser usados. Dos relógios aos óculos, passando pelos casacos ou ténis inteligentes, monitorizam de forma não invasiva a saúde e o estado físico e estão a crescer em popularidade entre os adultos. No entanto, a adaptação desta tecnologia para uso com bebés é difícil porque os dispositivos costumam ser volumosos ou possuem superfícies rígidas que podem prejudicar a pele delicada dos mais pequenos. Até agora. É que um grupo de especialistas anuncia a criação de um biossensor aplicado na chupeta.
O trabalho, publicado na revista Analytical Chemistry, da Associação Americana de Química, mostra como este sensor consegue rastrear os níveis de glicose em tempo real na saliva podendo, em último caso, ajudar a diagnosticar e tratar a diabetes no doentes mais pequeninos.
Chupeta para medir vários parâmetros
Os cientistas já desenvolveram biossensores vestíveis, incorporados nas roupas ou colados à pele. No entanto, o uso prolongado destes dispositivos pode causar desconforto, uma vez que os bebés não conseguem comunicar facilmente, desvantagem à qual se juntam outras.
Até agora, todos os dispositivos portáteis para bebés medem apenas características físicas, como frequência cardíaca ou respiratória, e não biomarcadores, como a glicose.
A monitorização contínua deste parâmetro em recém-nascidos, disponível apenas nos principais hospitais, costuma obrigar a furar a pele do bebé para chegar ao líquido intersticial.
Joseph Wang, Alberto Escarpa e os colegas decidiram criar um biossensor para bebés em forma de chupeta, capaz de recolher saliva e analisá-la em busca de biomarcadores.
Como prova de conceito, construíram uma chupeta com um mamilo que continha um canal estreito. A ideia era que, quando uma criança chupasse, pequenas quantidades de saliva fossem transferidas pelo canal para uma câmara de deteção.
Nela, uma enzima ligada a uma tira de elétrodo convertia a glicose num sinal elétrico fraco, detetado sem necessidade de um fio, por uma aplicação no telemóvel
O dispositivo ainda não foi testado em bebés, mas os especialistas realizaram uma análise preliminar com adultos com diabetes tipo 1. E, usando a chupeta, a equipa detetou alterações nas concentrações de glicose na saliva dos doentes antes e depois das refeições.
A esperança é de que, um dia, o dispositivo possa ser configurado para monitorizar outros biomarcadores associados a várias doenças.