Scroll Top

Impacto da COVID-19 nos doentes com AVC preocupa especialistas

doentes com AVC e covid-19

As principais entidades científicas nacionais dedicadas ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) juntam-se para sensibilizar os profissionais de saúde, população em geral e entidades competentes para o impacto potencialmente dramático na mortalidade e no estado funcional dos doentes com AVC.

Um inquérito nacional de perceções feito junto de profissionais de saúde revela que a afluência de doentes aos Serviços de Urgência e Unidades de AVC foi significativamente afetada. 

Por isso, a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC), a Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), o Núcleo de Estudos de Doença Vascular Cerebral (NEDVC) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia de Intervenção (SPNI) uniram-se para chamar a atenção para a chegada tardia dos doentes aos centros de tratamento de AVC durante a pandemia Covid-19.

“A SPAVC mostra-se preocupada com o impacto potencialmente dramático que este facto terá nas taxas de mortalidade global do nosso país, bem como no estado funcional dos doentes com AVC”, refere o Vítor Tedim Cruz, da Direção da SPAVC.

Para combater esta tendência, “os doentes com AVC não devem recear recorrer aos Serviços de Urgência durante o período de pandemia Covid-19”, sublinha Miguel Rodrigues, da SPN, “porque os hospitais têm circuitos diferentes para os doentes com e sem sintomas da Covid-19“.

Impacto também em quem já teve AVC

“A rapidez de atuação é fundamental para que se possa evitar sequelas”, explica Ângelo Carneiro, da SPNI. O neurorradiologista de intervenção lembra que “os hospitais já se prepararam para atender os doentes com AVC de forma adequada, fazendo testes de rastreio sempre que necessário, criando circuitos independentes de doentes, tentando minimizar os tempos de permanência em unidades de cuidados intensivos e em internamento, por forma a reduzir ao máximo a possibilidade de um doente com AVC ser contagiado”.

 Assim, é necessário continuar a sensibilizar a população para que seja capaz de “diferenciar uma situação emergente, como é um AVC, de uma situação potencialmente urgente, como é a infeção por SARS-CoV-2”, frisa Vítor Tedim Cruz.

O neurologista esclarece que, “no primeiro caso, a escala continua a ser aferida em minutos, enquanto no segundo falamos certamente de dias ou semanas”.

Os especialistas deixam também uma mensagem para os sobreviventes de AVC, que se veem particularmente afetados, com limitações sérias no acesso às estratégias de reabilitação, fundamentais para recuperar as capacidades perdidas devido ao episódio vascular cerebral.

“Os sobreviventes de AVC têm várias sequelas neurológicas, como epilepsia, dor, perda de capacidade cognitiva, depressão, espasticidade e disfunção sexual ou urinária. Em caso de agravamento desses sintomas, os seus médicos hospitalares e dos centros de saúde estão disponíveis para serem contactados e adaptarem a medicação ou dar outros conselhos através de contacto telefónico ou ainda, se necessário, observação urgente”, descreve Miguel Rodrigues.

É, no entanto, imperioso que sejam feitas todas as diligências de modo a manter a terapêutica adequada após fase aguda, retomando o funcionamento de unidades de reabilitação, apontam os especialistas.

Posts relacionados