Quem sofre com asma infantil tem tendência a deixar a escola mais cedo. E, para os que chegam à universidade, a probabilidade de desistirem antes do fim do curso é maior, revelam os dados apresentados no congresso da Sociedade Europeia Respiratória.
O que significa, defendem os investigadores, que as crianças asmáticas são prejudicadas na educação e no trabalho futuro.
Christian Schyllert, clínico do Hospital da Universidade de Karolinska, em Estocolmo, na Suécia, explica aquilo que os asmáticos já sabem, que “a asma, uma das doenças crónicas mais comuns entre as crianças, pode interferir na vida diária e afetar a frequência escolar”.
Agora, acrescenta a este outro conhecimento, aquele que incide sobre o impacto da asma infantil na educação e trabalho futuro.
Doença influencia educação e emprego futuro
O estudo, que liderou, acompanhou, desde 1996, crianças suecas com sete e oito anos. Os mais pequenos foram avaliados aos 11-12 anos, aos 19 e 27-28 anos. Até 2015, os investigadores estavam ainda em contacto com 2.291 (59%) participantes.
Os resultados revelam que as crianças com asma tinham uma probabilidade 3,5 maior de deixarem a escola aos 16 anos, do que aquelas que não sofriam com a doença. Foram ainda duas vezes mais propensos a abandonar a universidade antes de completarem três anos de estudos.
Em termos de carreira, quem tinha asma persistente de início precoce apresentava menos de metade da probabilidade de realizar tarefas não manuais.
“Este estudo sugere que as crianças que são diagnosticadas com asma cedo e continuam a sofrer com a condição à medida que crescem têm piores resultados quando se trata da sua educação e futuros empregos”, refere Schyllert.
“Não podemos dizer, a partir deste estudo, exatamente porque é que isso acontece, mas há outras investigações que indicam que as crianças com asma têm menor frequência escolar e isso pode levar os asmáticos a não conseguir concluir os estudos”, refere.
“Também pode ser que as pessoas com sintomas mal controlados estejam menos propensas a ter certas ocupações, especialmente aquelas que requerem resistência, ou empregos onde possam estar expostas a possíveis fatores desencadeantes da asma, como pós e vapores.”
A importância de controlar os sintomas
Apesar de existirem forma de tratar a asma, “aderir a um regime de tratamento pode ser difícil, sobretudo no caso dos adolescentes”.
Para as famílias, e até que os investigadores consigam saber mais sobre a forma como a asma afeta a educação e as perspetivas de emprego, “a mensagem principal é que tentem garantir que as crianças cumprem o tratamento e conversem com o médico se os sintomas não estiverem sob controlo”.