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Utilizador de cigarro eletrónico diagnosticado com doença associada à exposição a metais pesados

metais pesados e cigarro eletrónico

É o primeiro caso conhecido do género. Trata-se de uma pessoa com uma doença pulmonar rara, pneumoconiose associada a metais pesados, que os especialistas acreditam ter sido provocada pelo uso de cigarros eletrónicos. É para estes que volta a fazer-se o alerta.

Caracterizada por um padrão incomum e distinto de danos nos pulmões, que se traduz em dificuldades respiratórias, a doença costuma ser diagnosticada em pessoas que trabalham com metais pesados, como cobalto. Mas surge agora associada aos cigarros eletrónicos, relação descrita num artigo publicado no European Respiratory Journal, revista da European Respiratory Society.

Motivo que leva os especialistas, neste mesmo artigo, a reforçar os alertas contra os cigarros eletrónicos e a desaconselhar o seu uso, mesmo quando este está associado a tentativas para deixar de fumar.

Vestígios de metais pesados no cigarro eletrónico

O caso foi relatado por Kirk Jones, professor clínico de Patologia, e Rupal Shah, professor assistente de Medicina na Divisão de Pneumologia, Cuidados Intensivos, Alergia e Medicina do Sono, ambos da Universidade da Califórnia, nos EUA. 

“A pneumoconiose associada à exposição a metais pesados é diagnosticada através da observação ao microscópio de uma amostra do tecido pulmonar do doente. Tem uma aparência distinta e incomum, que não é observada noutras doenças. Quando a diagnosticamos, procuramos a exposição ocupacional a poeiras ou vapor de metal, geralmente cobalto, como causa”, refere Kirk Jones.

“Este doente não teve nenhuma exposição conhecida a metais pesados. Identificamos o uso do cigarro eletrónico como uma possível causa”, acrescenta.

A pneumoconiose associada a metais pesados faz com que as células pulmonares danificadas absorvam outras células e formem células ‘gigantes’, que podem ser vistas claramente ao microscópio.

Pode resultar em cicatrizes permanentes nos pulmões, com sintomas como dificuldades respiratórias e tosse crónica. Cicatrizes que não podem ser curadas, embora alguns doentes possam ter uma melhoria leve se a exposição ao pó de metal pesado parar e se forem tratados com esteroides.

Quando os investigadores testaram o cigarro eletrónico do doente, encontraram cobalto no vapor libertado, além de outros metais tóxicos, como níquel, alumínio, manganês, chumbo e crómio.

Segundo Rupal Shah, “a exposição ao pó de cobalto é extremamente rara fora de algumas indústrias específicas. Este é o primeiro caso conhecido de uma toxicidade induzida por metal no pulmão associada ao ‘vaping’ e resultou em cicatrizes de longo prazo, provavelmente permanentes, dos pulmões do doente”.

“Pensamos que apenas um subconjunto raro de pessoas expostas ao cobalto terá esta reação, mas o problema é que a inflamação causada pelo metal pesado não será aparente para as pessoas que usam cigarros eletrónicos até ao momento em que as cicatrizes se tornem irreversíveis, como aconteceu com este doente.”

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