
Sem causa inteiramente conhecida, a esclerose sistémica é uma doença reumática autoimune que se caracteriza por inflamação, fibrose e alterações dos vasos sanguíneos, podendo afetar a pele e vários órgãos, sobretudo, coração, pulmões, sistema gastrointestinal e músculo-esquelético. Este é o tema do Fórum Art & Treat 2023 – Curso de Atualização Multidisciplinar em Esclerose Sistémica, que se realiza em Coimbra, nos dias 10 e 11 de fevereiro, dedicado a todos os profissionais de saúde com especial interesse nesta doença.
Um dos principais sinais de alarme da esclerose sistémica é a presença de fenómeno de Raynaud e o edema difuso das mãos e/ou da pele, podendo estar ainda presentes, numa fase inicial, outras manifestações como espessamento da pele, dores articulares, distúrbios gastrointestinais ou queixas respiratórias.
O diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas apresentadas pelo doente, exames complementares de diagnóstico e pela presença de anticorpos antinucleares e anticorpos específicos no sangue.
Tânia Santiago, médica reumatologista e membro do conselho EUSTAR (Organização Europeia que promove investigação clínica e básica em esclerose sistémica) reforça que “o reconhecimento e identificação destas e outras manifestações por um médico reumatologista é essencial para realizar um diagnóstico precoce, e deste modo instituir um tratamento oportuno e melhorar o prognóstico e qualidade de vida destes doentes”.
A esclerose sistémica atinge maioritariamente as mulheres, entre os 25 e os 55 anos e é considerada uma doença rara. Apesar de em Portugal não haver estudos epidemiológicos, estima-se que existam entre 2.500 a 3.000 pessoas com esta doença.
Ao longo dos dois dias deste curso serão abordados temas como os “Desafios no diagnóstico e preditores de evolução da esclerose sistémica”; “Registos Reuma.pt e EUSTAR: investigação e prática clínica”; “Novas aplicações da Ecografia na Esclerose Sistémica”; “Envolvimento cardíaco: Rastreio, diagnóstico e tratamento”.
Segundo Tânia Santiago, “o reumatologista tem um papel crucial na monitorização destes doentes e como elo central de ligação com as diferentes especialidades que cuidam destes doentes”. Este curso de atualização multidisciplinar espelha precisamente esta dinâmica. “Promete proporcionar um ambiente de partilha e debate multidisciplinar com diversos profissionais de saúde, e representa uma oportunidade de construir uma rede de colaboração entre os vários especialistas dedicados ao cuidado destes doentes.”
No curso estão incluídas sessões de atualização, e revisão de assuntos clinicamente relevantes, debate com especialistas das diversas áreas, quanto à utilidade de exames complementares de diagnóstico, bem como um curso prático ‘hands-on’ de videocapilaroscopia (limitado a 25 participantes).
O evento contará ainda com uma oradora internacional de mérito na área do tratamento de úlceras digitais, Begonya Alcacer-Pitarch (Leeds, UK).
A inscrição no curso é obrigatória através do mail secretariado@spreumatologia.pt e o programa pode ser consultado aqui.