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Estudo contabiliza custo do cancro para as economias… e é muito elevado

cancro

Um novo estudo calculou o custo económico do cancro em todo o mundo, que visa ajudar os decisores políticos a afetar recursos de forma apropriada e a decretar políticas para travar o aumento da morte e incapacidade associadas aos tumores malignos.

O cancro é a principal causa de morte a nível mundial, roubando a vida a quase 10 milhões de pessoas todos os anos. E o número de casos tem vindo a aumentar, devido ao envelhecimento da população, tabagismo, consumo de álcool, dietas pouco saudáveis, estilos de vida sedentários e poluição atmosférica.

Mas o cancro não tem apenas impacto ao nível das vidas humanas, mas também da economia, a infligir uma carga financeira enorme aos países através da redução da produtividade, perda de mão-de-obra e reduções de investimento.

O fardo sanitário e económico das doenças oncológicas é reconhecido como uma questão urgente, tal como tem sido demonstrado pelo reacendimento da iniciativa “Moonshot”, do Presidente dos EUA, do Plano de Ação Global da Organização Mundial de Saúde para a Prevalência e Controlo de Doenças Não Transmissíveis e de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis através da prevenção e tratamento até 2030. Apesar desta urgência, o custo económico global do cancro ainda não foi investigado de forma exaustiva.

Para colmatar esta lacuna e ajudar os decisores políticos a travar o aumento da mortalidade e da incapacidade associada a estas doenças, uma equipa internacional de investigadores procurou estimar o custo económico de 29 tumores em 204 países e territórios, cobrindo a maioria dos países do mundo. O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) – Oncology, utilizou um quadro abrangente de modelização que estimou o custo macroeconómico do cancro em termos de PIB perdido.

“Muitos dos atuais estudos económicos sobre o cancro são estáticos, perdendo as consequências futuras da atual perda de mão-de-obra e custos de tratamento”, refere o Diretor do Programa Fronteiras Económicas do IIASA Michael Kuhn, um dos coautores do estudo. “O nosso trabalho é pioneiro no sentido em que estima o custo macroeconómico do cancro utilizando um modelo que engloba muitos dos mecanismos de ajustamento económico, incorporando mudanças na oferta de trabalho devido à mortalidade e morbilidade destas doenças, bem como a perda nos investimentos de capital relacionados com os custos de tratamento.”

O estudo estimou o custo económico global dos cancros de 2020-2050 em cerca de 25,2 milhões de biliões de dólares internacionais (a preços constantes de 2017), o que equivale a um imposto anual de 0,55% sobre o produto interno bruto global.

Os investigadores identificaram também o tipo de cancros que suportaram a maior carga económica, com o cancro do pulmão a liderar, seguido do colorretal, da mama, do fígado e leucemia.

Os resultados indicam ainda que os custos de saúde e económicos do cancro estão distribuídos de forma desigual entre países e regiões, com a China e os Estados Unidos a enfrentarem os maiores custos económicos em termos absolutos, representando 24,1% e 20,8% da carga global total, respetivamente. Embora a maioria das mortes por cancro ocorra em países de rendimentos mais baixos, a sua parte do custo económico dos cancros é apenas cerca de metade.

“Os quatro cancros economicamente mais prejudiciais são todos passíveis de prevenção primária e secundária, tais como o tabagismo, a dieta, as intervenções com álcool e o aumento do rastreio”, observa Kuhn. “Isto revela o grande potencial para intervenções políticas a nível mundial, o que ajudará a travar a relação entre o elevado fardo da doença e o elevado fardo económico.”

Os autores sublinham que investir em intervenções de saúde pública eficazes para reduzir o fardo do cancro é essencial para proteger a saúde global e o bem-estar económico.

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