Scroll Top

Hipertensão arterial: urgência do combate ao “assassino silencioso”

Dia Mundial do cérebro

Conhecido como o “assassino silencioso”, a hipertensão arterial é um problema de saúde que, explica Denis Gabriel, neurologista e membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC, é urgente combater. Saiba como aqui.

 

hipertensão arterial
Denis Gabriel, neurologista, membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC

“O aumento da esperança média de vida, inegavelmente uma das maiores concretizações da sociedade moderna, trouxe o inevitável preço do aumento das doenças neurológicas associadas à idade, onde se inclui o acidente vascular cerebral (AVC), uma doença que, para além de elevada mortalidade, se associa a incapacidade funcional e dependência.

A pressão arterial pode ser definida como a força que o sangue exerce na parede das artérias. A hipertensão arterial (HTA) ocorre quando o fluxo sanguíneo exerce demasiada “força” ou pressão nas artérias.

Define-se pelo registo de valores, para a pressão arterial sistólica, superiores ou iguais a 140 mmHg e/ou para a pressão arterial diastólica, superiores ou iguais a 90 mmHg, em mais do que uma avaliação. A longo prazo, pode causar pequenas lesões nas artérias resultando em zonas de maior fragilidade que podem sofrer rotura e resultar numa hemorragia intracerebral, assim como promover a formação de placas de aterosclerose ou mesmo a formação de coágulos sanguíneos. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a hipertensão arterial afeta cerca de 40% da população adulta. Destes, menos de metade está medicada com medicamentos anti-hipertensores e estima-se que só cerca de 11% tenham a HTA controlada.

O trabalho de divulgação pública dos sintomas de AVC permitiu uma melhoria no seu reconhecimento e chegada aos serviços de urgência. Aliados aos avanços recentes no tratamento do AVC isquémico e ao tratamento efetivo dos fatores de risco vasculares (onde se inclui a hipertensão arterial), estes fatores provavelmente contribuíram para a redução do número de anos de vida saudável perdidos após um AVC na ordem dos 39%, entre 1990 e 2021, de acordo com o Global Burden of Disease 2021.

O AVC continua, entre as doenças neurológicas, a ser o “campeão” mundial de anos de vida saudável perdidos (ou DALYs, de disability-adjusted life years) e, de acordo com a mesma fonte, 84% desta perda poderia ser prevenida se houvesse uma redução da exposição aos fatores de risco.

Entre estes, a hipertensão arterial é o fator modificável número um. Contribuem para o aumento do risco a inatividade física, a obesidade, o consumo elevado de álcool e a dieta rica em sal. Por isso, a melhor prevenção consiste em manter uma dieta saudável e reduzir ao mínimo o consumo de sal, manter um peso saudável e praticar exercício físico regular, assim como evitar manter níveis elevados de stress e não fumar.

Lembre-se que a HTA não condiciona sintomas (ou quando o faz podem ser inespecíficos, como por exemplo tonturas) e, por isso, muitas pessoas têm HTA e não sabem. Por este motivo é importante verificar periodicamente a sua pressão arterial. Se lhe for diagnosticada uma hipertensão arterial, cumpra as recomendações e tome a medicação anti-hipertensora que lhe for prescrita. Lembre-se que só poderá haver uma efetiva redução do risco se mantiver a pressão arterial controlada. Para isso, é muito importante cumprir as recomendações do seu médico/enfermeiro e manter vigilância periódica.

Posts relacionados