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Homens com cancro da próstata dispostos a trocar sobrevivência por melhor qualidade de vida

homem com cancro da próstata

O que é mais importante, viver mais tempo ou ter melhor qualidade de vida? Para os homens recentemente diagnosticados com cancro da próstata, não há dúvidas: viver mais é importante, mas esta seria uma opção trocada pela possibilidade de uma vida melhor.

O cancro da próstata é uma das formas mais comuns de cancro nos homens, com um tratamento que pode incluir cirurgia ou radioterapia com consequências como a incontinência urinária e perda da função sexual. 

O que os dados apresentados recentemente no congresso do Instituto Nacional de Investigação em Cancro (NCRI) sugerem é que, embora os doentes valorizem uma vida mais longa, também dão muito valor à qualidade da mesma, estando mesmo dispostos a optar por menos tratamentos com base nisso.

Incontinência e disfunção erétil: duas consequências do cancro da próstata

Hashim Ahmed, presidente e professor de Urologia do Imperial College London e responsável pelo Grupo de Estudos Clínicos do Cancro da Próstata do NCRI, explica que “os homens que fazem o tratamento sofrem efeitos secundários que podem incluir incontinência urinária, exigindo o uso diário de pensos, e perda da função erétil”.

“Sabemos que os homens desejam viver mais, mas muitos ficam deprimidos após o tratamento e a sua qualidade de vida e relacionamentos pessoais são afetados.”

Com base nesta ideia, Ahmed e os seus colegas trabalharam com 634 homens recém-diagnosticados com cancro da próstata nos hospitais do Reino Unido, a quem foi apenas dada informação geral, sem discussão sobre tratamentos específicos.

A estes homens foram então apresentados cenários com impactos diferentes na sobrevida, incontinência, impotência, tempo de recuperação e probabilidade de tratamento adicional, cabendo-lhes fazer a escolha.

Foi com base nesta decisão que os especialistas conseguiram quantificar a importância de cada fator para os homens. E aquele que é, sem dúvida, o mais importante, é a sobrevivência, seguido do evitar a incontinência e da manutenção de uma ereção.

Ainda assim, os dados sugerem que estes homens estavam dispostos a fazer uma troca entre os efeitos secundários e a sobrevivência. 

São precisos mais e melhores tratamentos

“É fácil assumir que a principal motivação dos doentes com cancro da próstata é a sobrevivência, mas esta investigação mostra que a situação é mais subtil. Os homens querem uma vida longa, mas valorizam muito os tratamentos com menores efeitos secundários, tanto que, em média, estavam dispostos a aceitar uma menor sobrevida se isso significasse que o risco de efeitos secundários era baixo”, refere Ahmed.

“Cada doente difere quanto ao tratamento que prefere, mas pode ajudá-los o facto de se saber o que muitos homens pensam sobre o equilíbrio entre a quantidade e a qualidade de vida, e não devem sentir que é errado ter pensamentos semelhantes”, acrescenta.

O especialista aproveita para reforçar a necessidade de “estratégias que reduzem o dano causado aos doentes e limitem o impacto dos tratamentos na qualidade de vida”.

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