O número de pessoas que vivem com VIH por diagnosticar está a aumentar na Região Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com dados publicados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e pela OMS, mais de 136.000 pessoas foram diagnosticadas em 2019.
Um em cada dois diagnósticos de VIH (53%) ocorre num estágio avançado da infeção, quando o sistema imunitário já começou a falhar. O que é um sinal de que as estratégias de teste na região não estão a funcionar adequadamente para diagnosticar o vírus de forma precoce.
O número de pessoas diagnosticadas com sida, o estágio final de uma infeção por VIH não tratada, caiu mais da metade na última década e a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de acabar com a epidemia até 2030 é alcançável. No entanto, na União Europeia, por exemplo, 74% dos 2.772 diagnósticos de sida em 2019 foram feitos logo após o diagnóstico inicial, o que mostra um problema significativo de diagnóstico tardio.
Diagnóstico esse que contribui para a transmissão contínua do VIH, já que, muitas vezes, durante anos, as pessoas não sabem que têm o vírus e não estão a receber tratamento.
Embora a tendência na Região como um todo tenha estabilizado nos últimos anos, o número de pessoas recentemente diagnosticadas com VIH aumentou 16% desde 2010.
Andrea Ammon, diretora do ECDC, destaca que, “apesar do foco na COVID-19, não devemos perder de vista outras questões de saúde pública como o VIH. O diagnóstico precoce é uma prioridade urgente. Não podemos alcançar a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável se for preciso uma média de três anos para que as pessoas descubram que são VIH-positivas. Três anos durante os quais não há tratamento para salvar vidas e durante os quais podem transmitir o vírus sem saberem”.
“Se quisermos reduzir a elevada proporção de pessoas diagnosticadas tardiamente, é essencial diversificar as nossas estratégias de teste de VIH.”
Hans Kluge, Diretor Regional da OMS para a Europa, recorda-se “de quando um diagnóstico de VIH parecia uma sentença de morte. Agora, com tratamento adequado, as pessoas podem viver sem medo da sida. Esses dados são de 2019, e a questão em 2020 tem que ser qual o efeito que a pandemia terá sobre os testes até o fim de 2021. Por enquanto, a nossa mensagem tem de ser proteger o progresso da última década, continuando a priorizar o teste de VIH e o tratamento de quem precisa”.
“Não podemos permitir que a pandemia nos roube um futuro sem sida que está ao nosso alcance.”
Muitos ficam com VIH por diagnosticar
Os dados de vigilância de VIH/Sida para 2019 mostram que a proporção daqueles que são diagnosticados tardiamente aumenta com a idade.
Em toda a Região, 67% das pessoas com 50 anos ou mais foram diagnosticadas no final da evolução da sua infeção. Em 2019, um em cada cinco novos diagnósticos de VIH era numa pessoa com mais de 50 anos.
As razões para isso ainda não são totalmente compreendidas, embora possa ter a ver com o subestimar do risco de infeção ou com o estigma.