A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) e o Colégio de Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos uniram as suas vozes num esclarecimento à população sobre a ação dos optometristas, profissionais que reclamam um papel no Serviço Nacional de Saúde (SNS), algo que os especialistas em oftalmologia consideram “um grande risco para os doentes” e para a saúde visual dos portugueses.
“A pressão mediática destes grupos, que se tem sentido em forma de artigos sobre temas do foro médico, como de médicos especialistas se tratassem, e reuniões para promover a prática de rastreios de doenças que, pela complexidade da sua abordagem, exigem cuidados altamente diferenciados, transformou-se mesmo em pressão sobre alguns partidos políticos”, referem, em comunicado.
O mesmo onde dão conta da existência “de várias propostas legislativas, nomeadamente do PAN e do PCP, bem como uma interpelação à tutela pelo grupo parlamentar os Verdes, relativamente à sua incorporação nos cuidados de saúde primários do SNS”.
Formação médica questionada
Os especialistas em oftalmologia reforçam que “que o oftalmologista é um médico com seis anos de formação específica em medicina geral e que, para além da sua formação básica, fez uma especialização de mais quatro anos em oftalmologia médica e cirúrgica”, sendo mesmo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “o pilar básico dos cuidados de saúde visual em qualquer sistema de saúde”.
Formação que comparam com aquela que é recebida pelos optometristas, que classificam como um grupo “muito heterogéneo em termos curriculares tendo, na melhor das hipóteses, três anos de formação no total. Em todo o caso, nenhum desses vários planos curriculares tem qualquer formação em saúde”.
A SPO e a Ordem dos Médicos volta a socorrer-se da OMS para, desta feita, reforçar que a existência dos optometristas “não traduz desempenho do sistema de saúde e sobretudo não traduz qualidade nas intervenções para reduzir a cegueira evitável”.
Por tudo isto, consideram que “a inclusão destes ‘profissionais’ no SNS sem uma regulamentação jurídica de competências adequada, com autonomia para a prestação de cuidados de saúde visual, sem supervisão por um oftalmologista, constituiria um enorme retrocesso na qualidade do serviço público e, por isso, um grande risco para os doentes”.