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Os kiwis podem ajudar a controlar a obstipação crónica

obstipação crónica

O que é que os kiwis, o pão de centeio e a água com alto teor de minerais têm em comum? Todos podem ajudar a aliviar a obstipação crónica, de acordo com as primeiras diretrizes alimentares baseadas em evidências para adultos com obstipação crónica, lideradas por investigadores do King’s College London.

As novas diretrizes mostram também que a toma de suplementos de fibra de psílio, certas estirpes probióticas e suplementos de óxido de magnésio pode ajudar a melhorar a obstipação.

Em contraste, outras abordagens amplamente recomendadas, incluindo “dietas ricas em fibra” genéricas e suplementos de sene (um tipo de laxante), não apresentaram provas sólidas de eficácia.

As guidelines, publicadas em conjunto em duas revistas internacionais, o Journal of Human Nutrition & Dietetics e a Neurogastroenterology & Motility, visam transformar a forma como esta condição comum é tratada por médicos, enfermeiros e nutricionistas na prática clínica e podem também permitir uma melhor autogestão dos sintomas, sobretudo através de alimentos e bebidas.

Os alimentos que ajudam

A obstipação intestinal é uma condição crónica que impacta significativamente a qualidade de vida e representa um encargo financeiro considerável tanto para os doentes como para os sistemas de saúde. Até à data, as orientações clínicas ofereciam apenas recomendações dietéticas limitadas e, por vezes, desatualizadas, aumentando geralmente a ingestão de fibras e líquidos.

Ao contrário das anteriores, estas novas recomendações baseiam-se em inúmeras revisões sistemáticas e meta-análises rigorosas, e centram-se nos resultados da obstipação, como a frequência e consistência das fezes, o esforço e a qualidade de vida, tornando-as mais práticas para o tratamento personalizado com base nos sintomas específicos que cada indivíduo apresenta. Foi também desenvolvida uma ferramenta de fácil utilização para o clínico para apoiar a adoção destas diretrizes na prática diária em todo o mundo.

A revisão da evidência revelou que, embora alguns alimentos e suplementos sejam eficazes, a qualidade global dos estudos existentes é baixa. A maioria dos ensaios centrou-se estritamente em intervenções isoladas, em vez de abordagens dietéticas completas, destacando a necessidade urgente de uma melhor investigação nutricional no tratamento da obstipação.

“Uma dieta rica em fibras oferece muitos benefícios para a saúde geral e tem sido uma recomendação essencial para o tratamento da obstipação”, refere Eirini Dimidi, autora principal e professora de Ciências da Nutrição no King’s College London. “No entanto, as nossas diretrizes constataram que simplesmente não há evidências suficientes para sugerir que o tratamento realmente funcione especificamente para a obstipação. Em vez disso, a nossa investigação revela algumas novas estratégias alimentares que podem, de facto, ajudar os doentes. Ao mesmo tempo, precisamos urgentemente de mais ensaios clínicos de alta qualidade para fortalecer as evidências sobre o que funciona e o que não funciona.”

“Isto significa que, a partir de agora, as pessoas que sofrem de obstipação em todo o mundo podem receber aconselhamento atualizado com base nas melhores evidências disponíveis para melhorar os seus sintomas e bem-estar. Com a investigação contínua, isto tem um potencial real para impulsionar melhorias duradouras na qualidade de vida”, acrescenta Kevin Whelan, autor sénior e professor de Dietética no King’s College London.

Yvonne Jeanes, Chefe de Investigação e Impacto da Associação Dietética Britânica, considera que “estas orientações são um excelente recurso para nutricionistas e profissionais de saúde em geral, uma vez que apoiam uma abordagem mais focada na dieta e baseada em evidências para o tratamento da obstipação crónica”.

 

Crédito imagem: Unsplash

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