Problemas de visão, como olhos secos, problemas de perceção de profundidade e problemas de adaptação a rápidas mudanças na luz são muito mais comuns nas pessoas com doença de Parkinson do que nas que não sofrem com este distúrbio, revela um novo estudo. Situações que afetam a sua vida diária.
Publicado na edição on-line da Neurology®, a revista médica da Academia Americana de Neurologia, o trabalho descobriu também que estes problemas podem influenciar as atividades diárias de uma pessoa.
“É especialmente importante que as pessoas com Parkinson tenham a melhor visão possível, pois pode ajudar a compensar os problemas de movimento causados pela doença e reduzir o risco de quedas”, afirma o autor do estudo, Carlijn Borm, médico do Centro Médico da Universidade Radboud, na Holanda.
“O nosso estudo descobriu não apenas que as pessoas com doença de Parkinson tinham problemas oculares que vão além do processo de envelhecimento, mas também que esses problemas podem interferir nas suas vidas diárias. No entanto, a maioria dos problemas oculares é tratável, por isso é importante que as pessoas com Parkinson sejam rastreadas e tratadas.”
O impacto dos problemas de visão
Avaliadas 848 pessoas com Parkinson que apresentaram sintomas ao longo de uma média de sete anos e comparadas com 250 pessoas sem a doença, ambos com 70 anos, os participantes preencheram um questionário sobre problemas de visão e olhos.
Para cada problema descrito, como “Sinto uma sensação de queimadura ou de ardor nos olhos” e “Linhas que devem ser retas parecem onduladas ou borradas”, os participantes foram solicitados a escolher entre um intervalo de quatro respostas.
Uma resposta de “nunca tive sintomas” valia um ponto. Uma resposta de “sintomas diários” valia quatro pontos. Eram, ao todo, 16 as perguntas, e uma pergunta sobre alucinações visuais, que exigiam uma resposta sim ou não, com sim a valer um ponto, para uma pontuação total possível de 51 pontos.
Os participantes também foram questionados sobre se os problemas oculares interferiam nas suas atividades diárias, como conduzir, trabalhar ao computador, caminhar ou com os seus cuidados pessoais.
E os investigadores verificaram que 82% das pessoas com Parkinson relataram um ou mais problemas oculares em comparação com 48% das pessoas sem a doença.
A pontuação média no questionário foi de 10 pontos para as pessoas com Parkinson, em comparação com dois pontos para as pessoas sem a doença. No que diz respeito ao impacto na vida diária, este era uma realidade para 68% das pessoas com Parkinson, em comparação com 35% dos restantes.
“Os problemas oculares dificultam a navegação física da vida quotidiana das pessoas com Parkinson; por exemplo, descobrimos que metade dos participantes teve problemas com a leitura e 33% tinham problemas oculares que interferiam na condução de um carro”, afirma Borm.
“Pessoas com Parkinson que expressam ter problemas oculares devem ser encaminhadas para um especialista para avaliação posterior. Para aqueles que não expressam esses problemas, o uso de um questionário para rastrear problemas que de outra forma podem ser esquecidos pode permitir o reconhecimento, o tratamento oportuno e a melhoria da qualidade de vida”, acrescenta.