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Ser homem e de meia-idade aumenta risco de morte após cirurgia

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Os homens de meia-idade têm cerca de 50% mais probabilidade de morrer após uma cirurgia do que as mulheres da mesma faixa etária, revela um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia e Terapia Intensiva (ESAIC). Um trabalho feito junto de mais de 100.000 doentes não cardíacos de um importante hospital alemão, que descobriu que as taxas de mortalidade são mais altas nos homens na faixa dos 40 e 50 anos, bem como nos de 60 e 70 anos.

Já havia estudos que indicavam que o sexo afeta o risco de complicações após a cirurgia, mas os resultados foram mistos. Um deles mostrou que os homens corriam maior risco de complicações e morte após cirurgia não cardíaca, outro apontou taxas de sobrevivência menores para as mulheres após alguns tipos de cirurgia vascular, enquanto um terceiro, com doentes internados nos cuidados intensivos, não encontrou diferenças.

Para saber mais, Dimislav Andonov e os colegas da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, analisaram dados de 107.471 pessoas submetidas a cirurgia não cardíaca no hospital daquela universidade entre janeiro de 2014 e março de 2020.

Cirurgias que incluíram operações eletivas (planeadas), como próteses da anca e cirurgia ao cancro, e ainda intervenções de emergência, como apendicite aguda e operações em vítimas de acidentes de viação.

Não foi encontrada nenhuma associação entre o sexo do doente e a probabilidade de ser admitido na unidade de recuperação pós-anestésica ou tão pouco se verificou uma relação no que diz respeito à admissão aos cuidados intensivos (UCI), necessidade de ventilação ou óbito antes da alta hospitalar em menores de 40 anos.

Porém, na faixa etária dos 41 aos 80 anos, a meia-idade, os homens revelaram uma maior propensão para serem admitidos em UCI, para precisar de ventilação e de morte antes da alta do que as mulheres da mesma idade.

Os homens entre os 41 e 60 anos tinham um risco 22% maior de serem admitidos em UCI do que as mulheres da mesma idade, um risco 37% maior de precisarem de ventilação e 54% superior de morte.

Já aqueles com idades entre os 61 e 80 anos apresentavam 20% mais probabilidade de serem admitidos em UCI do que mulheres da mesma idade, um risco 31% maior de necessitarem de ventilação e 38% mais hipótese de morte.

Após os 80 anos, o risco de admissão, ventilação e morte na UCI para os homens voltou a ser igual ao das mulheres da mesma idade.

“Este trabalho demonstra que os doentes do sexo masculino na meia-idade, com idade entre 40 e 80 anos apresentam maior risco de morte nos dias seguintes à operação. E são também mais propensos a serem admitidos na UCI e a precisarem de ser ventilados”, referem os autores do trabalho.

Não está claro o porquê dos riscos serem maiores para os homens com idades entre 41 e 80 anos, mas os especialistas acreditam que poderá ter a ver com as taxas mais altas de problemas cardiovasculares em homens, que tornam as complicações cirúrgicas mais prováveis.

A relutância masculina em ir ao médico também pode influenciar. Andonov considera que “os homens fazem exames de saúde com menos frequência do que as mulheres e, portanto, os seus problemas de saúde (por exemplo, cancro) podem ser descobertos num estágio posterior”.

São precisos mais estudos para perceber este fenómeno, refere o investigador. “E embora ainda não esteja claro se os homens apresentam maior risco de complicações cardiovasculares, as nossas descobertas sugerem que deve ser dada mais atenção aos fatores de risco cardiovascular durante as avaliações pré-operatórias.”

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