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Tecnologia de realidade virtual e realidade aumentada pode pôr fim ao medo de agulhas

medo de agulhas

É uma história de saúde tão antiga como o tempo: os procedimentos feitos com agulhas podem ser simplesmente assustadores, independentemente da idade. Para as crianças com doenças crónicas que visitam o hospital várias vezes por mês, a ansiedade à volta destes procedimentos pode interferir com a visita e, em último caso, agravar as experiências adversas na infância, o que pode levar a uma fraca adesão ao tratamento de saúde e a piores resultados de saúde ao longo da vida. É para acabar com o medo de agulhas que se está a trabalhar, com recurso às novas tecnologias.

A investigação mais recente procura melhorar o padrão de cuidados dos doentes ansiosos, mas quer ir além da administração de medicamentos para aliviar o medo. Em vez de comprimidos para a ansiedade, o médico pode solicitar software de realidade virtual (RV) ou realidade aumentada (RA).

É apenas preciso que o doente coloque uns auscultadores e óculos de RV ou RA antes do procedimento, para imergir num jogo colorido e interativo que envolve os seus sentidos, fazendo com que a dor e medo associados ao procedimento passem para segundo plano.

Os resultados promissores de novas investigações dos cientistas do Hospital Infantil de Los Angeles validam ainda mais estas ferramentas imersivas como ferramentas valiosas para o padrão atual de cuidados em procedimentos de punção venosa e anestesia.

Jeffrey Gold, investigador principal do Laboratório de Dor Biocomportamental daquela instituição, tem sido pioneiro na investigação pediátrica que explora o potencial das tecnologias de RV e RA há mais de 20 anos, através da realização de vários os ensaios clínicos que atestam o trabalho contínuo da sua equipa, incluindo dois estudos recentemente publicados.

O primeiro mediu os resultados de 252 doentes a quem foram colocados cateteres intravenosos e feitas recolhas de sangue. Antes do início do procedimento, os investigadores convidaram metade dos doentes a colocarem headsets de RV equipados com um jogo especialmente concebido para o efeito, onde o jogador utilizava um comando de sentido único para deitar abaixo ursinhos de peluche.

A natureza imersiva do jogo resultou em doentes a relatar níveis mais baixos de dor e menos ansiedade associada ao medo de agulhas. Além disso, aqueles que tinham maior sensibilidade à ansiedade reportaram os maiores níveis de imersão e alívio com a utilização do sistema de RV.

No segundo estudo, Gold explorou a forma como o envolvimento dos doentes com a RA poderia reduzir o medo à volta da anestesia que precede uma operação. Antes do procedimento, as crianças colocaram um par de óculos de RA e jogaram outro jogo. Resultado? Foram observados menores níveis de ansiedade e maior facilidade em adormecer antes do procedimento.

Medo de agulhas com fim à vista?

Em última análise, Gold e outros investigadores esperam aproveitar o poder das tecnologias imersivas para uma ampla variedade de ambientes hospitalares associados ao medo de agulhas. Atualmente, uma parceria entre investigadores de dentro e fora dos EUA está a avaliar a possível utilização de RV e RA para reduzir ou eliminar a necessidade de anestesia geral de rotina para vários procedimentos médicos.

Além disso, a equipa espera aprofundar a forma como este tipo de intervenção pode ajudar os doentes de diferentes origens, explorar se a adição de níveis adicionais de imersão para além da visão e da audição poderia aumentar o benefício terapêutico e reduzir o medo de agulhas.

“O plano é ter tecnologias prontamente disponíveis para reduzir o sofrimento, a dor e a ansiedade associada a uma variedade de procedimentos médicos tipicamente dolorosos, ao mesmo tempo que aumenta a satisfação do doente, da família e do profissional de saúde”, refere Gold.

 

Crédito imagem: Pexels

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