
O início do verão significa planos para as férias e mais tempo ao ar livre, mas é uma altura do ano que também traz consigo o potencial para lesões, sobretudo entre as crianças. Acidentes aquáticos, queimaduras solares, desidratação e lesões na cabeça/pescoço são algumas das preocupações mais comuns dos pediatras durante o verão. É para as evitar que os médicos do Johns Hopkins All Children’s Hospital e do Johns Hopkins Children’s Center partilham oito dicas.
1.º – No verão, estar atento aos sinais de exaustão pelo calor.
Danielle Hirsch, médica que trabalha na urgência pediátrica no Johns Hopkins All Children’s Hospital, esclarece que “a exaustão pelo calor ocorre quando o organismo perde água e sal”, com sintomas que “podem incluir cãibras musculares, pele pálida ou húmida, náuseas, vómitos, diarreia, dor de cabeça, fadiga, fraqueza e até ansiedade” e que, de acordo com a médica, se costuma manifestar com febre acima dos 38 graus.
“As crianças e os adolescentes adaptam-se mais lentamente ao calor do que os adultos. As crianças com problemas de saúde crónicos, incluindo excesso de peso ou uso de determinados medicamentos, podem ser ainda mais suscetíveis. Para prevenir a exaustão pelo calor, lembre o seu filho de fazer uma pausa e beber muitos líquidos enquanto está exposto ao calor”, aconselha.
E o que se deve fazer na presença de sintomas? “Se o seu filho apresentar sintomas, precisa de ir imediatamente para um local fresco e descansar, retirar o excesso de roupa e tentar encontrar um ar condicionado ou um pano frio para aplicar no rosto. Dê-lhe algo para beber que inclua sal e açúcar, como uma bebida desportiva. Se o seu filho não melhorar mesmo com todas estas medidas, leve-o imediatamente a um serviço de urgência, pois pode precisar de fluidos intravenosos para prevenir a insolação.”
2.º – Levar uma garrafa de água para onde for para evitar a desidratação.
Brandon Smith, diretor médico associado da Clínica Harriet Lane no Centro Infantil Johns Hopkins, refere que, no verão, “quando o tempo aquece e as crianças começam a suar, podem facilmente ficar desidratadas se não forem repostos os seus fluidos corporais. A desidratação também coloca as crianças em risco de doenças causadas pelo calor, mais perigosas”.
Para o evitar, “as crianças precisam de quatro a oito copos de líquidos por dia, dependendo da idade, e esta quantidade deve ser aumentada com base no calor, na humidade e nas atividades”.
3.º – Vestir as crianças com roupa com proteção solar e aplicar protetor solar quando saírem de casa.
“Todas as crianças, independentemente do seu tom de pele, devem usar protetor solar de largo espectro com FPS 30 ou superior”, defende Anna Grossberg, médica e diretora do serviço de dermatologia pediátrica no Centro Infantil Johns Hopkins. “O protetor solar deve ser reaplicado de duas em duas horas ou antes, após nadar ou praticar atividades que provoquem suor. O vestuário com proteção solar, incluindo o chapéu e o vestuário com FPS, em combinação com o uso de protetor solar, proporcionam camadas extra de proteção para ajudar a manter as crianças protegidas dos raios ultravioleta nocivos que podem causar queimaduras, descolorações ou outros problemas de pele.”
4.º Ter por perto um adulto junto à agua e evitar brincar em águas perigosas.
“Os adultos responsáveis e atentos podem revezar-se como vigilantes designados e responsabilizar-se por festas e eventos que envolvam água, como na praia ou na piscina, para vigiar as crianças” e evitar afogamentos, aconselha Patrick Mularoni, médico pediatra de urgência no Hospital Infantil Johns Hopkins.
“Os corpos de água tendem a ficar mais quentes nesta altura do ano, o que pode tornar as condições mais favoráveis à proliferação de bactérias; por isso, os pais devem estar especialmente atentos à ingestão acidental ou à entrada de água pelo nariz, principalmente em água doce e morna.”
5.º As crianças devem ter sempre capacete quando andam de bicicleta, skate ou trotineta.
Os capacetes podem proteger as crianças de ferimentos graves. “Estudos mostram que os capacetes de bicicleta reduzem as lesões na cabeça em 48% e as lesões graves na cabeça em 60%”, afirma Leticia Ryan, diretora de urgência pediátrica no Johns Hopkins Children’s Center. “Os capacetes devem ter um ajuste adequado, ser adequados à idade e ser usados de forma consistente”, em todas as estações, do verão ao inverno.
6.º Ter cuidado com os insetos que proliferam durante os meses de verão.
Erica Prochaska, médica especialista em doenças infecciosas pediátricas do Centro Infantil Johns Hopkins, alerta para as “carraças e os insetos, como os mosquitos, que podem transmitir doenças, e que adoram os meses quentes de verão. Para evitar picadas, use mangas compridas e calças por dentro das meias em zonas arborizadas ou relvadas, bem como calçado fechado”.
Deve ainda utilizar-se repelentes de insetos e “seguir as instruções de utilização e os limites de idade. Ao entrar em casa, verifique se há carraças no seu filho e retire-as com uma pinça, puxando-as firmemente para cima. As crianças devem tomar banho ou duche algumas horas após entrarem em casa, o que pode evitar que as carraças se agarrem a elas”.
7.º Atualizar as vacinas e praticar uma boa higiene das mãos.
É especialmente importante lavar as mãos antes de comer ou antes de tocar na boca ou no nariz. Muitos tipos de germes que nos deixam doentes espalham-se através de mãos sujas. E como as famílias ponderam viajar no verão, “ter as vacinas atualizadas é essencial”, refere Allison Messina, líder do serviço de doenças infecciosas no Hospital Infantil Johns Hopkins.
“Para evitar outras doenças, deve incentivar os seus filhos a praticarem uma boa higiene das mãos durante todo o ano, que ajudará a mantê-los mais saudáveis, independentemente da estação do ano. O contacto próximo com crianças em campos de férias de verão pode aumentar as hipóteses de doença, por isso lembre os seus filhos de lavarem as mãos com água e sabão ou de usarem um desinfetante para as mãos à base de álcool para ajudar a manter os germes afastados.”
8.º Considerar outras opções de brincadeira em vez dos trampolins.
Wassam Rahman, diretor médico e chefe de divisão do Centro de Emergência Pediátrica do Hospital Infantil Johns Hopkins, explica que “os trampolins domésticos são populares e parecem muito divertidos, mas também são perigosos”. De fraturas, entorses, contusões, arranhões, cortes a lesões na cabeça e no pescoço, são vários os riscos neles escondidos, pelo que o especialista encoraja os pais a envolverem os seus filhos noutras atividades físicas, como andar de bicicleta, praticar desportos coletivos ou brincar ao ar livre.