Um novo estudo chama a atenção para os telemóveis, que classifica como “cavalos de Troia” na pandemia da COVID-19 e pede aos milhões e milhões de utilizadores destes aparelhos em todo o mundo que descontaminem os seus dispositivos todos os dias.
A investigação, liderada por Lotti Tajouri, professor da Universidade de Bond, na Austrália, analisou 56 estudos de 24 países e descobriu que os telemóveis hospedavam um cocktail impressionante de germes vivos.
Apesar de todos estes estudos serem anteriores à atual pandemia, os autores consideram que o vírus responsável pela COVID-19, o SARS-CoV-2, está provavelmente presente nos telemóveis e noutros dispositivos com ecrã, sensíveis ao toque.
“A nossa recomendação é que os telemóveis sejam descontaminados diária e regularmente.”
Tajouri, um cientista biomédico, considera mesmo que os dispositivos móveis são “hotéis de cinco estrelas, com spa aquecido e buffet grátis para os micróbios prosperarem”.
“Eles têm controlo de temperatura, nós mantemo-los nos nossos bolsos, somos viciados neles”, afirma. “Conversamos através deles e depositamos neles gotículas que podem estar cheias de vírus, bactérias; comemos com eles, por isso damos nutrientes aos microrganismos. E ninguém, absolutamente ninguém, lava ou descontamina o telefone.”
Mais ainda, acrescenta, as pessoas viajam com os seus telefones “sem que nenhum oficial de fronteira os verifique. Isso causa certamente uma preocupação de biossegurança. É por isso que os telemóveis são ‘cavalos de Troia’. Não sabemos se estamos a transportar o inimigo”.
Palavra-chave para os telemóveis: desinfetar
De acordo com o especialista, os super-ultilizadores destes equipamentos chegam a tocar neles até 5.000 vezes por dia, com o utilizador médio a fazê-lo três horas por dia.
“Sabemos, a partir dos dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças, que 80% de todas as infeções estão associadas às nossas mãos. Podemos lavá-las quantas vezes quisermos – e devemos fazê-lo – mas ao tocar num telefone contaminado, estaremos a contaminar-nos novamente.”
Por isso, deixa um conselho: “pense no seu telefone como sua terceira mão”.
A transmissão comunitária de vírus, como o novo coronavírus, pode ocorrer quando uma pessoa infetada toca no telefone e depois num banco de um autocarro, que será depois tocado por outra pessoa. Uma hipótese na qual o especialista acredita, apesar de considerar necessários mais estudos sobre o tema.
“O contágio extraordinariamente rápido que intriga os cientistas pode residir nos telemóveis, que espalham por todo o lado a COVID-19 e a grande velocidade”, refere Tajouri.
“Afinal, eles estão por todo o lado, viajando pelo mundo em aviões, navios de cruzeiro e comboios. Vamos levar a sério essa hipótese. Se limparmos os nossos telefones todos os dias e isso fazer a diferença, podemos, com esta pequena ação, achatar a curva da infeção, reduzir a epidemia de COVID-19 e salvar vidas.”