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5 dicas para uma época de festas emocionalmente saudável

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As festas de Natal e fim de ano são considerados os momentos ideais para criar memórias com a família, com as últimas semanas do ano a serem, supostamente, repletas de felicidade. E esta até pode ser a época da paz e amor, mas isso não significa o fim das complexidades da dinâmica familiar. De facto, para muitos, passar tempo com a família é ao mesmo tempo sinónimo de entusiasmo e receio. Elizabeth Dorrance Hall, professora do Michigan State University College of Communication Arts and Sciences, partilha, por isso, cinco formas de se manter emocionalmente saudável por entre a pressão e o stress que estas festas podem provocar.

1) Ser honesto sobre o stress a que está sujeito – Os cânticos de Natal, as luzes e os filmes natalícios proclamam sentimentos de alegria, mas a época das festas pode ser uma altura emocionalmente difícil para muitas pessoas, quer sintam solidão, stress ou estejam simplesmente ocupadas.

“Durante as festas, as pessoas têm muito em que pensar. Esta sobrecarga mental pode dificultar a participação plena em qualquer conversa ou experiência”, afirma Dorrance Hall.

Quando a conversa à mesa de jantar passa de uma agradável recordação de memórias partilhadas para a narração de histórias embaraçosas que está farto de ouvir, pode estar mais inclinado a ter uma resposta impulsiva em resultado do stress acumulado.

“Se alguém o pressiona e já está com a sua carga cognitiva no máximo, é menos capaz de pensar racionalmente e de forma lenta e cuidadosa sobre as suas respostas”, afirma Dorrance Hall. “Em vez disso, podemos ser mais rápidos a responder, mais reativos.”

Falar sobre o stress das festas com outras pessoas com quem se possa identificar pode ajudar a aliviar alguma pressão, libertando espaço para ter conversas mais profundas e estar presente com os membros da família.

2) Comunicar ao longo do ano – Uma relação forte, feliz e saudável com a família não se constrói numa grande festa – requer esforço e deve ser mantida ao longo do ano. “Muitas vezes, as relações familiares são descuradas quando as agendas estão ocupadas e o tempo é escasso”, afirma Dorrance Hall. “É fácil dar prioridade aos seus círculos sociais fora da família, porque as normas culturais dizem que a família deve estar lá para si, aconteça o que acontecer. Mas se não mantivermos ativamente os nossos laços familiares, podemos dar por nós numa situação em que parece que não temos nada em comum com a nossa família.”

Algumas pessoas têm familiares que vivem longe, pelo que nem sempre é possível vê-los pessoalmente. Outras fazem a escolha consciente de se distanciarem da família biológica e podem adotar uma família escolhida, por exemplo, amigos que são como irmãos. Em ambos os casos, as relações têm de ser mantidas.

“Há muita pressão para ter as festas perfeitas”, refere Dorrance Hall. “Embora eu ache que ter um dia por ano para se conectar pessoalmente é uma oportunidade maravilhosa, ter umas festas agradáveis vem realmente de se conectar durante todo o ano, seja pessoalmente ou por telefone, texto ou chamadas de vídeo.”

Quando se trata de estabelecer ligações, é mais uma questão de qualidade do que de quantidade e de dedicar algum tempo a conhecer a família, biológica ou escolhida. “Falar com os seus primos uma vez por ano na reunião anual de dezembro da sua família não é suficiente para estabelecer ligações significativas”, acrescenta a especialista.

3) Aproveitar o que tem em comum – A semelhança é um ingrediente fundamental na construção de relações; somos atraídos por pessoas que têm passatempos, interesses e gostos semelhantes aos nossos. Isto pode tornar as festas difíceis para as pessoas que sentem que não têm nada em comum com a sua família, sobretudo porque não sabem do que falar.

Dorrance Hall incentiva as pessoas a discutir experiências partilhadas como forma de ultrapassar as diferenças. “Uma coisa muito fixe nas relações familiares é que essas relações existem há muito tempo, o que nos pode ajudar a restabelecer a ligação”, afirma. “Recordar os velhos tempos – contar histórias sobre entes queridos que fazem toda a gente rir – é uma forma de o fazer. Recordar as pessoas de quem todos gostam e as memórias que partilham coletivamente pode ser uma excelente forma de estabelecer ligações.”

4) Ouvir e validar os outros – É muito provável que nem toda a sua família concorde com os acontecimentos atuais ou com a política e é muito provável que alguém aborde um destes tópicos numa destas festas. Nesses casos, o seu instinto pode ser o de defender apaixonadamente os seus pontos de vista, o que pode resultar no que acaba por ser uma conversa unilateral.

“Muitas vezes, nessas conversas, estamos a ouvir apenas para defender o nosso próximo ponto de vista, em vez de ouvirmos para realmente compreendermos a outra pessoa”, afirma Dorrance Hall. “Voltar ao básico sobre como ser um bom ouvinte pode ser muito útil para esse tipo de conversas.”

Não há nada de errado em defender aquilo em que se acredita, mas é importante não rejeitar automaticamente um ponto de vista com o qual não se concorda. “Quando estamos a ouvir, uma coisa muito importante a fazer é validar os sentimentos, as crenças e as emoções da outra pessoa. Mesmo que não concordemos com a pessoa, podemos validar os seus pontos de vista reconhecendo as razões das suas crenças, fazendo perguntas genuínas, dando toda a nossa atenção e tendo curiosidade sobre as suas experiências.”

A base para ter conversas difíceis e saudáveis requer confiança, respeito e comunicação regular, não apenas uma interação única por ano. “Falar com um familiar sobre o qual pensamos negativamente por causa das suas crenças ou opiniões diferentes uma ou duas vezes por ano dificulta a construção da confiança e do respeito necessários para conversas difíceis”, afirma Dorrance Hall.

5) Ter um aliado nas festas – Passar tempo com a família durante as festas é complexo. Pode ficar feliz por vê-los e grato pela oportunidade de estarem juntos, mas ainda assim sentir-se sozinho, sobretudo se não partilhar os mesmos valores e crenças que muitos dos seus familiares.

Para lidar com esta situação, Dorrance Hall recomenda que se identifique um aliado na família: alguém com quem se partilhe crenças e valores semelhantes e que tenha passado por experiências idênticas. Esta pessoa pode ser uma irmã, um primo, um cunhado, um pai ou uma mãe, qualquer pessoa com quem sinta que pode desabafar ou fazer um contacto visual consciente à mesa de jantar.

“Quando sentimos que somos os únicos a ter uma determinada opinião, crença ou experiência, podemos sentir-nos muito isolados, apesar de estarmos rodeados de pessoas que supostamente nos apoiam e nos amam”, afirma Dorrance Hall. “Ter uma outra pessoa na família em quem se possa apoiar – e com quem se fale regularmente fora das festas – pode tornar os encontros festivos menos stressantes e emocionalmente avassaladores.”

 

Crédito imagem: Nicole Michalou (Pexels)

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