Mais de seis horas por dia passadas de forma sedentária, desde a infância até à idade adulta, pode causar um aumento excessivo de 4 mmHg na pressão arterial sistólica, mostra um novo estudo, que confirma ainda que o envolvimento contínuo em exercício ligeiro mitigou significativamente este aumento.
No presente estudo, realizado por especialistas das Universidades de Bristol e Exeter, no Reino Unido, e da Universidade do Leste da Finlândia, 2.513 crianças foram seguidas dos 11 aos 24 anos.
No início do estudo, os mais pequenos passavam seis horas por dia sedentárias, seis horas por dia a praticar exercício ligeiro e aproximadamente 55 minutos diários em atividade física moderada a vigorosa. No seguimento feito durante a idade adulta, nove horas por dia eram passadas de forma sedentária, três horas por dia em atividades físicas ligeiras e aproximadamente 50 minutos em atividade física moderada a vigorosa.
A pressão arterial média na infância era de 106/56 mmHg, que aumentou para 117/67 mmHg na idade adulta jovem, em parte devido ao desenvolvimento fisiológico normal. Mas o aumento persistente do tempo sedentário entre os 11 aos 24 anos foi associado a um aumento médio excessivo de 4 mmHg na pressão arterial sistólica.
Já a participação em exercício ligeiro desde a infância reduziu o nível final em 3 mmHg.
“Além disso, quando 10 minutos de cada hora sedentária foram substituídos por uma quantidade igual de atividade física ligeira desde a infância até à idade adulta jovem num modelo de simulação, a pressão arterial sistólica diminuiu 3 mmHg e a pressão arterial diastólica em 2 mmHg. Isto é significativo, uma vez que foi relatado em adultos que uma redução da pressão arterial sistólica de 5 mmHg diminui o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral em 10%”, afirma Andrew Agbaje, médico e professor associado de Epidemiologia e Saúde Infantil na Universidade do Leste da Finlândia.
Impacto enorme de exercício ligeiro
Este estudo é o maior e mais longo que segue o comportamento de jovens no que diz respeito à sua atividade física e aos valores de pressão arterial.
“Mostrámos, anteriormente, que a pressão arterial elevada e a hipertensão na adolescência aumentam o risco de danos cardíacos prematuros na idade adulta jovem. A identificação do sedentarismo infantil como uma potencial causa de hipertensão arterial e da exercício ligeiro como um antídoto eficaz é de importância clínica e de saúde pública”, afirma Agbaje.
“A Organização Mundial de Saúde estima que 500 milhões de novos casos de doenças não transmissíveis relacionadas com a inatividade física ocorreriam até 2030 e metade resultaria de hipertensão. Pelo menos três horas de atividade física ligeira por dia são fundamentais para prevenir e reverter a hipertensão arterial. Exemplos disso são as longas caminhadas, a realização das tarefas domésticas, a natação e o ciclismo. Todos nós, pais, pediatras e decisores políticos, devemos encorajar as crianças e os adolescentes a fazerem exercício para manterem a sua pressão arterial num nível saudável”, conclui.