
VSR são as siglas que traduzem o nome de um vírus que muitos pais conhecem bem, já que é a causa mais comum de doença das vias respiratórias inferiores até aos 12 meses de idade. Mas o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) não é apenas uma ameaça para os mais pequenos.
Os resultados do estudo ROSA, um estudo retrospetivo de base de dados, o primeiro – e o único – que analisou o impacto da doença provocada pelo VSR em contexto hospitalar e em pessoas maiores de idade, confirma que este é significativo, sobretudo nos adultos mais velhos, e consegue mesmo ser superior ao da gripe em vários aspetos: está associado a pessoas com mais comorbilidades, a mortalidade associada é maior e custos de saúde significativamente superiores.
“Há vários dados surpreendentes neste estudo”, afirma Filipe Froes, Pneumologista, especialista em Medicina Intensiva e Doutorado em Saúde Pública. “E os mais importantes são a confirmação que o VSR existe e provoca doença significativa nos adultos. Ou seja, que não provoca doença só nas crianças e que justifica amplamente uma abordagem preventiva na população adulta.”
Realizado com os doentes adultos internados com queixas compatíveis com infeções respiratórias agudas, entre 1 de abril de 2018 a 31 de março de 2024, no Hospital de Matosinhos, este estudo, uma iniciativa da GSK, permite concluir que, apesar da prevalência do VSR ter sido inferior à da gripe nas épocas avaliadas, a mortalidade hospitalar foi superior para estes doentes (20% face a 13% para doentes com Influenza).
E superiores foram também os custos diretos por hospitalização(€4.757 para doentes com RSV e €3.537 para doentes com Influenza) e as complicações, com percentagens mais altas no grupo das pessoas com VSR face ao vírus que provoca a gripe.
“Sem qualquer dúvida, a maior utilização de recursos de saúde, a par do aumento de mortalidade, é um indicador extremamente importante da maior gravidade dos doentes com VSR. E o estudo prova que estes doentes são mais graves do que os doentes com gripe, com maior necessidade de cuidados intensivos e de duração do internamento hospitalar”, alerta Filipe Froes, autor deste estudo.
“Em relação a infeções respiratórias provocadas por outros vírus e, em particular, pelo vírus influenza, verificou-se um maior risco de falência respiratória, de eventos cardiovasculares e de sobreinfeção bacteriana com o VSR”, acrescenta.
Dados que, defende, “justificam a implementação de medidas gerais de prevenção das infeções respiratórias, nomeadamente nos fatores de risco modificáveis, tais como, a redução do consumo de álcool (A), a cessação tabágica (T), o controlo das doenças crónicas (C), a higiene oral (H), o uso criterioso de fármacos imunossupressores (I) e a manutenção de um estado nutricional (N) adequado (ATCHIN). E medidas específicas, tais como medidas preventivas contra o VSR, amplamente justificada na população com mais de 60 anos”.
Até porque, de acordo com o estudo, mais de 80% dos indivíduos com este diagnóstico tinham idade superior a 60 anos.
Ainda em relação aos doentes com VSR, observou-se uma maior proporção de mulheres (58,6% em comparação com 52,0%) e uma idade mediana ligeiramente superior (79 anos em comparação com 77 anos) em comparação ao grupo com influenza.
O estudo teve como critérios de inclusão todas as admissões hospitalares codificadas como infeções respiratórias agudas entre adultos (18 anos ou mais), com um teste RT-PCR válido, incluindo VSR e influenza. Os dados deste doentes foram analisados até 90 dias após a admissão ou final da hospitalização.