A prevenção é o melhor remédio, não só para a saúde, mas também para a economia, revela um estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology, uma revista da Sociedade Europeia de Cardiologia, que conclui que uma década de prevenção das doenças cardíacas pouparia quase 15 mil milhões de dólares em produto interno bruto (PIB), mantendo as pessoas com empregos remunerados.
Descobertas divulgadas no Dia Mundial do Coração, que se assinala esta terça-feira (29 de setembro), servindo de apelo aos empregadores para investirem na saúde cardíaca dos seus funcionários, com os governos a serem solicitados a adotar políticas e regulamentos que promovam uma melhor saúde cardíaca, incluindo impostos sobre o açúcar, proibição de fumar e redução da poluição do ar.
“As avaliações económicas às doenças normalmente concentram-se no custo para os sistemas de saúde”, explica Feby Savira, autora do estudo e aluna de doutoramento na Monash University, em Melbourne, Austrália.
“O nosso estudo avaliou quanto dinheiro poderia ser poupado com a prevenção de doenças cardíacas, permitindo assim que as pessoas continuassem a trabalhar.”
A doença coronária é responsável por um terço de todas as mortes em pessoas com mais de 35 anos. Estes doentes faltam mais ao trabalho (o chamado absentismo) e são menos produtivos durante o mesmo, em comparação com a população em geral, tendo ainda uma maior probabilidade de se reformarem mais cedo.
Os investigadores estimaram o impacto económico de impedir futuros casos de doença coronária na Austrália, nos próximos 10 anos (2020-2029). E concluíram que a prevenção de todos os casos futuros pouparia ao PIB quase 15 mil milhões de dólares, devido à redução nas mortes associadas a doenças cardíacas e ao aumento da produtividade. Isso equivale a quase 51.000 dólares por cada caso evitado.
“Mesmo a prevenção de apenas 10% dos futuros casos de doença coronária (equivalente a 2.860 novos casos por ano ao longo de 10 anos) poderia resultar em ganhos de 1,5 milhões de dólares, só com o aumento da produtividade”, refere Savira.
“O nosso estudo confirma o forte incentivo financeiro para a prevenção da doença coronária, que melhoraria a saúde e a produtividade entre a população em idade produtiva.”
Prevenir as doenças cardíacas
A reforma precoce devido à doença cardíaca coronária foi responsável pela maior parte da perda estimada de produtividade por faltas (65,4%), seguida pela redução de produtividade no trabalho (20,3%), com os homens a contribuírem com 62% para a perda total de produtividade devido à doença cardíaca coronária.
Os autores argumentam que os formuladores de políticas devem ver os gastos para prevenir doenças cardíacas como um investimento – por exemplo, banindo as gorduras industriais e tornando mais fácil ir a pé ou de bicicleta para o trabalho.
De acordo com a especialista, estas descobertas “demonstram o profundo impacto da doença coronária nos indivíduos, empregadores e sociedade. Os empregadores podem estabelecer locais de trabalho saudáveis, por exemplo, oferecendo aulas de ginástica em grupo e opções de alimentos e bebidas saudáveis. Há muito que cada um de nós pode fazer para proteger a nossa saúde e sustento: estima-se que 80% das doenças cardiovasculares poderiam ser prevenidas com a eliminação de maus hábitos, como alimentação de baixa qualidade, sedentarismo e tabagismo”.