
De acordo com uma investigação recente, as mulheres com endometriose têm um risco 20% maior de resultados cardíacos significativos em comparação com as mulheres sem esta doença.
“Durante décadas, a doença cardiovascular foi considerada uma doença masculina e os fatores de risco foram considerados a partir da perspetiva masculina, incluindo por exemplo, a disfunção erétil nas diretrizes sobre a avaliação do risco. No entanto, uma em cada três mulheres morre de doença cardiovascular e uma em cada 10 sofre de endometriose. Os nossos resultados sugerem que talvez seja altura de considerar rotineiramente o risco de doença cardiovascular em mulheres com endometriose”, afirma a principal autora do estudo, Eva Havers-Borgersen, especialista do Rigshospitalet Copenhagen University Hospital, na Dinamarca.
O estudo utilizou registos dinamarqueses de todas as mulheres com diagnóstico de endometriose entre 1977 e 2021, que revelou que estas mulheres apresentavam um risco aumentado em cerca de 20% de desfecho composto de enfarte agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral isquémico, em comparação com as que não tinham o problema.
Contas feitas, o risco de AVC era 20% superior para as mulheres com endometriose e 35% superior de enfarte agudo do miocárdio, ao qual se juntou ainda um risco superior de arritmias e insuficiência cardíaca.
Evidências crescentes sugerem que existe uma relação estreita entre a endometriose e o sistema cardiovascular e que podem partilhar vias de doença comuns. Havers-Borgersen concluiu que “embora as diferenças absolutas tenham sido pequenas, as diferenças relativas foram de 20%, e com a elevada prevalência de endometriose, resultados que fornecem mais evidências de que os fatores de risco específicos do sexo feminino e a doença cardiovascular nas mulheres necessitam de maior atenção”.
“Sugerimos que as mulheres com este problema sejam submetidas a uma avaliação de risco de doença cardiovascular, e agora é altura de os fatores de risco específicos das mulheres – como a endometriose, mas também a diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia – serem considerados em modelos de previsão de risco cardiovascular.”