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Conhecer alterações genéticas associadas ao cancro da próstata pode mudar curso do tratamento

próstata

O cancro da próstata é, confirma Gabriela Sousa, oncologista no IPO de Coimbra, o cancro mais frequentemente diagnosticado nos homens. Em cerca de 10% dos casos de doença avançada é possível identificar alterações genéticas nos genes BRCA1/21, sendo que cerca de metade destas poderão ser de natureza hereditária. Conhecer estas alterações permite uma melhor adequação do tratamento, uma vez que atualmente no contexto de uma Medicina cada vez mais personalizada, dispomos de “tratamentos específicos para os casos onde sejam identificadas alterações nos genes BRCA”.

Segundo a médica, o estudo genético está indicado em todos os doentes com doença avançada e deve iniciar-se no tumor, “numa amostra recolhida aquando da biópsia ou da cirurgia – se este identificar variantes causais, então deve ser complementada esta análise em amostra de sangue, de forma a identificar alterações que possam ser hereditárias”.

O estudo genético também pode ser importante de acordo com a história familiar se se verificarem vários casos de cancro na família, diferentes tipos de cancro na mesma pessoa, se houver diagnóstico de cancro em idades jovens, “geralmente a existência de várias gerações de homens com cancro da próstata ou mulheres (mãe, irmãs, tias ou primas) com cancro da mama ou ovário devem fazer suspeitar do Síndrome Hereditário de Cancro da mama/ovário/próstata”. Nesta situação o estudo genético será realizado através de uma amostra de sangue.

Além da importância para o doente, a deteção das alterações genéticas pode ter também repercussões para a família. Isto porque “se forem identificados familiares que são portadores destas variantes genéticas BRCA1 e BRCA2 ainda não doentes, estes poderão integrar programas de vigilância individualizados ou optar por medidas cirúrgicas com o objetivo de reduzir a sua probabilidade de desenvolver cancro”, refere a médica.

Recorde-se que o sintoma mais frequente do cancro da próstata “é o aumento do número de vezes que é necessário urinar durante a noite”, ainda que, segundo a especialista, “nas fases iniciais possa não dar origem a qualquer sintoma. Nas fases mais avançadas, poderá originar sintomas de irritação da bexiga, dificuldade de urinar ou mesmo perda de sangue na urina”.

A especialista deixa ainda uma palavra ao papel do cuidador, uma vez que “o cancro é uma doença com elevado impacto social, e o papel dos cuidadores é inestimável. A equipa multidisciplinar precisa dos cuidadores para que em conjunto possam contribuir para o melhor apoio ao doente!”.

Crédito imagem: iStock

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