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Depressão após um ataque cardíaco aumenta o risco de AVC

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A depressão pode complicar e retardar a recuperação após um ataque cardíaco, já para não falar no preço a nível mental, no que diz respeito aos relacionamentos e alegria de viver. Mas além disto, foi agora descoberto que as pessoas com depressão após um ataque cardíaco apresentam um risco 50% maior de AVC.

O estudo que o confirma, apresentado na 71ª Sessão Científica Anual do American College of Cardiology, analisou os registos de saúde de quase meio milhão de norte-americanos após um ataque cardíaco, tornando-se um dos maiores a examinar a relação entre depressão e doenças cardíacas. E a verificar uma diferença gritante nas taxas de AVC entre doentes com e sem depressão, mas com antecedentes demográficos e de saúde semelhantes.

“A única diferença entre estes dois grupos é a depressão“, refere Frank H. Annie, principal autor do estudo e investigador do Departamento de Cardiologia do Charleston Area Medical Center, nos EUA. “Pode haver uma infinidade de fatores relacionados com a depressão que estão a levar a estes resultados. O que estamos a ver nestes dados é muito preocupante e precisamos de os aprofundar para entender as suas causas e os efeitos.”

Foram avaliadas 495.386 pessoas vítimas de ataque cardíaco entre 2015-2021, 51.000 das quais (10,5%) que vieram depois a sofrer de depressão. Destas, cerca de uma em cada seis tinha sido diagnosticada com um distúrbio de saúde mental antes do ataque cardíaco, enquanto os outros foram diagnosticados com depressão após o evento.

Para o estudo, Annie e os seus colegas compararam os 51.000 pacientes com depressão a um grupo de outros sobreviventes de ataque cardíaco com as mesmas características, mas sem depressão e descobriram que 12% das pessoas com depressão e 8,3% das pessoas sem depressão vieram a sofrer um acidente vascular cerebral – uma diferença de quase 50% no risco de AVC.

São vários os fatores que podem explicar esta diferença, como o facto de a depressão poder interferir na capacidade de uma pessoa ir a consultas médicas e fazer o tratamento, havendo ainda impacto possível ao nível do sono e da concentração, tornando difícil fazer exercícios regularmente e manter uma dieta saudável para o coração.

O estudo revelou ainda que os homens eram mais propensos a ter depressão do que as mulheres e aqueles com depressão tendiam a apresentar taxas mais altas de hipertensão, doença arterial coronária, diabetes, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crónica, bem como maior índice de massa corporal e histórico de tabagismo. No entanto, a ligação entre depressão e AVC subsequente permaneceu significativa mesmo após a contabilização destas variáveis.

Outros estudos já tinham apontado para uma relação entre depressão e doenças cardíacas. E embora a causa e o efeito envolvidos nessa relação permaneçam incertos, há evidências crescentes de que o tratamento para a depressão pode ajudar a melhorar os resultados em pessoas com doenças cardíacas. 

“É necessária uma abordagem multidisciplinar”, refere Annie. “Com base nestes dados, se houver alguém com histórico de doença cardíaca e depressão, defendo que se dedique atenção especial no sistema de saúde para garantir que são assinalados nas consultas e que estão a ser vistos pelos profissionais certos.”

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