Graças à Internet, temos o mundo ao nosso alcance e, com apenas alguns cliques, podemos inserir os nossos sintomas médicos em sites e aplicações para autodiagnosticar doenças. No entanto, um novo artigo publicado no Journal of the American Academy of Dermatology, realizado por um grupo de dermatologistas, revela que os verificadores de sintomas online costumam ser imprecisos na identificação de erupções cutâneas.
“Apesar de parecer que ao tentar diagnosticar a sua erupção através de verificadores de sintomas online pode economizar tempo e dinheiro, a sua saúde deve valer uma visita a um dermatologista”, afirma o coautor do estudo Yul Yang, dermatologista. “Estudos anteriores, fora da dermatologia, mostraram que os verificadores de sintomas online não são muito precisos. Isso é muito preocupante porque diagnósticos imprecisos podem resultar em tratamento tardio ou inadequado.”
O estudo mediu a capacidade de oito verificadores de sintomas usados para diagnosticar 15 erupções cutâneas diferentes em adultos e crianças, com base em informações fornecidas por três dermatologistas. As erupções variaram de doenças muito comuns, como dermatite atópica pediátrica, psoríase e rosácea, a problemas menos comuns, como dermatite herpetiforme, eritema nodoso e líquen escleroso.
Os verificadores de sintomas diagnosticaram corretamente erupções cutâneas em apenas 37 das 120 (30,8%) entradas. Embora os verificadores testados tenham sido mais precisos no diagnóstico de dermatite atópica pediátrica (75%) e herpes (62,5%), nenhum foi capaz de diagnosticar corretamente a dermatite herpetiforme. Além disso, apenas um identificou corretamente o eritema nodoso, hidradenite supurativa, líquen escleroso ou dermatite perioral.
“O estudo mostrou que os verificadores de sintomas têm pouca precisão no diagnóstico de erupções cutâneas porque nem sempre questionam sobre o histórico médico relevante dos doentes e não há dados suficientes disponíveis para fazer diagnósticos precisos”, afirma Yang. “O uso de verificadores de sintomas online pode ser prejudicial para os doentes, pois pode dar o diagnóstico errado, o que pioraria a dor e o sofrimento da pessoa e atrasaria os cuidados médicos necessários.”
Procurar o apoio de dermatologistas
Os dermatologistas tratam mais de 3.000 problemas que afetam a pele, cabelos e unhas e a doenças de pele estão entre as mais comuns.
“Sejam erupções cutâneas, acne, rugas ou melanoma, os problemas de pele podem ter um impacto grande na saúde e bem-estar”, afirma Yang. “Mesmo que a doença não seja fatal, pode reduzir a qualidade de vida de uma pessoa, causando desconforto extremo, perda de sono, baixa autoestima, depressão, perda de produtividade e até desfiguração permanente.”
De acordo com o especialista, “o que parece uma simples erupção cutânea pode ser um sinal de uma doença interna subjacente. Por exemplo, uma erupção cutânea com comichão pode ser urticária, sarna ou uma reação cutânea chamada dermatite de contacto, ou mesmo o primeiro sinal de insuficiência renal ou hepática. Como cada doença requer um tratamento diferente, os dermatologistas sabem o que procurar para garantir o tratamento certo.”
As doenças de pele podem também estar associadas a outras doenças. Por exemplo, as pessoas que vivem com psoríase têm um risco maior de desenvolver pressão alta, colesterol não saudável e diabetes, que não podem ser diagnosticados com um verificador de sintomas.
“Com o uso generalizado de informações de saúde online, é importante saber que os verificadores de sintomas podem não ser úteis no momento para o diagnóstico de erupções cutâneas”, afirma Yang. “Esses verificadores de sintomas não devem substituir a consulta aos dermatologistas.”
