
Investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriram que as mulheres que sofrem de endometriose têm um risco mais elevado de menopausa prematura e precoce, tanto a nível natural como cirúrgico.
Um estudo internacional abrangente, publicado na revista Human Reproduction, descobriu que as mulheres com endometriose têm um risco sete vezes maior de menopausa cirúrgica (que envolve a remoção de ambos os ovários) e enfrentam um risco mais elevado de menopausa prematura (antes dos 40 anos) ou menopausa precoce (entre os 40 e os 44 anos).
Hsin-Fang Chung, da Escola de Saúde Pública daquela instituição, refere que, embora se saiba que a endometriose e o seu tratamento podem reduzir a qualidade e a quantidade de óvulos, a investigação sobre o seu efeito no momento da menopausa é limitada. “Verificámos que a menopausa cirúrgica ocorreu, em média, 19 meses antes em mulheres com endometriose, enquanto a menopausa natural ocorreu cinco meses antes”, avança.
“As mulheres com endometriose têm duas vezes mais probabilidades de passar pela menopausa cirúrgica antes dos 40 anos, ou 1,4 vezes mais probabilidades de ter uma menopausa natural antes dos 40.”
Gita Mishra, autora sénior do estudo, esclarece que já se sabia que a menopausa precoce e cirúrgica estava associada a resultados adversos, como doenças cardiovasculares e morte prematura, pelo que considera que “prevenir ou controlar a menopausa precoce ou clinicamente induzida requer uma compreensão abrangente das suas causas subjacentes e medidas proativas para abordar os riscos de saúde a longo prazo que lhe estão associados”.
Alerta para mulheres com endometriose
O estudo, que analisou dados de quase 280 mil mulheres na Austrália, Reino Unido, Suécia e Japão, entre 1996 e 2022, é o maior a examinar o tipo e o momento da menopausa em mulheres com endometriose, uma doença inflamatória crónica e frequentemente debilitante, em que o tecido semelhante ao revestimento do útero cresce noutras partes do corpo.
“As mulheres com endometriose devem estar cientes de que podem ter um maior risco de menopausa precoce ou induzida, consultar o seu médico regularmente para verificar os fatores de risco para doenças crónicas e concentrar-se em estratégias de prevenção”, refere Chung , que se prepara para investigar o impacto da endometriose nos riscos de doenças crónicas a longo prazo.