Todos os anos, mais de 50 mil pessoas perdem a vida em Portugal com necessidade de cuidados paliativos, um país que não tem mais do que 96 serviços que oferecem estes cuidados para adultos, revelam os dados do Atlas de Cuidados Paliativos na Europa 2019, um trabalho publicado recentemente.
Foram, ao todo, avaliados 51 países europeus, numa região onde se estima que, por ano, morram cerca de 4,5 milhões de pessoas portadoras de doença. Ao todo, o Velho Continente conta com 6.388 serviços especializados neste tipo de cuidados, 47% dos quais concentrados em quatro países: Alemanha, Reino Unido, França e Itália.
Ainda de acordo com o Atlas, 40% das nações do continente têm metade ou menos do número de unidades recomendado pela Associação Europeia de Cuidados Paliativos (EAPC), que é de dois por 100.000 habitantes. Portugal não vai além dos 0.9.
Crianças também precisam de cuidados paliativos
Os autores do Atlas recordam que não é apenas a população adulta que requer estes cuidados: 140.000 crianças europeias morrem por ano com necessidade de os receber, sendo apenas 38 os países com programas paliativos pediátricos. Portugal está entre eles, com seis programas domiciliários e cinco hospitalares.
Nesta que é a sua terceira edição, o Atlas explora pela primeira vez aspetos como a integração dos paliativos nos cuidados primários e noutros departamentos, o voluntariado e o trabalho das sociedades científicas para o desenvolvimento dessa disciplina.
Em relação à primeira questão, 12 países possuem sistemas, nos cuidados de saúde primários, para identificar doentes que precisam de paliativos, embora a maioria ofereça este atendimento no último mês de vida. Da mesma forma, 10 nações integram este serviço desde o início na área da oncologia, oito na cardiologia e 14 em casas de repouso.
Em relação à vitalidade da profissão, contam-se 41 países com uma associação nacional deste tipo de cuidados (Portugal é um deles), sendo apenas oito aqueles que dispõem demais de mil voluntários registados para dar apoio aos trabalhadores da saúde.
Para continuar a crescer, os autores ressalvam a importância do treino, enfatizando que 13 países têm o ensino obrigatório dos cuidados paliativos a mais de 50% dos seus estudantes de medicina e nove a mais de 50% dos seus estudantes de enfermagem. No caso de Portugal, apenas 25% das Faculdades de Medicina e 70% das Faculdades de Enfermagem treinam os seus alunos nesta disciplina.