
Celine Dion, cujo nome dispensa apresentações, anunciou recentemente ao mundo que sofre do síndrome da pessoa rígida, uma doença neurológica rara. Através de um vídeo emocional, partilhou que a doença lhe está a causar espasmos que afetam a sua capacidade de andar e cantar. Mas afinal o que é este síndrome?
Celine Dion, é uma cantora canadiana de 64 anos talvez mais reconhecida pelo êxito My Heart Will Go On, o tema do filme Titanic. Kottil Rammohan, professor de neurologia clínica e antigo diretor do Centro de Excelência em Esclerose Múltipla da Faculdade de Medicina da Universidade de Miami Miller, explica o que é o síndrome da pessoa rígida e qual o seu tratamento.
“O síndrome da pessoa rígida é uma desordem neurológica extremamente rara. E ninguém sabe realmente qual a prevalência exata, mas pensa-se que é de um a dois por milhão na população. Dito isto, há provavelmente mais, porque as formas mais suaves da doença podem nunca ser diagnosticadas”, refere o especialista.
Manifesta-se, acrescenta, através de “cãibras musculares. Os doentes podem sentir isto e considerá-lo um incómodo, mas na realidade não interfere em quaisquer atividades da vida diária e pode até nem sequer chegar a ser identificado como uma desordem neurológica. Quando o problema é suficientemente significativo, leva os doentes aos seus médicos. E, a menos que estejam no meio de um ataque, mesmo assim, muitas pessoas podem olhar para ele como uma contração muscular ou uma cãibra”.
No entanto, estes espasmos “podem ser tão graves que podem rasgar músculos, partir ossos e destruir articulações”.
Quando estas cãibras começarem a piorar, ao ponto de começarem a interferir com a vida e a levar os doentes para as urgências, o médico que as vê precisará de fazer análises sanguíneas específicas. “Têm havido novos testes que identificaram anticorpos específicos, cuja presença pode apresentar-se sem o síndrome da pessoa rígida”, explica Kottil Rammohan.
“Lembro-me de um caso em que a pessoa ia para a urgência com cólicas e ataques graves e a tratavam com medicamentos que relaxavam os músculos. Ela passava por estes tratamentos e enviavam-na para casa e não havia diagnóstico. Ou davam-lhe um rótulo que realmente não significava muito. Um dia, uma amiga fez uma pesquisa no Google e descobriu o síndrome da pessoa rígida. Ela escreveu-o e contou-o ao seu médico e ele verificou o sangue dela à procura dos anticorpos”, recorda o especialista.
Por norma, as doenças autoimunes são mais comuns nas mulheres e nos jovens do que nos idosos. “Todas as pessoas que tratei eram mulheres”, refere o médico, que explica que “é possível gerir os sintomas e também tratar o problema subjacente do anticorpo ofensivo. Primeiro, claro, é dar algo para relaxar os músculos. Outra forma de gerir os sintomas seria instalar uma bomba na coluna vertebral que envia medicação através do líquido espinal que ajuda com os espasmos nas pernas”.
“Após o tratamento dos espasmos musculares, é importante tentar remover o anticorpo ofensivo. O tratamento do síndrome da pessoa rígida envolve a troca de plasma ou a administração de medicamentos para modular o sistema imunitário.”