Se for aplicada demasiada pressão sobre a nossa pele durante um longo período de tempo, esta fica danificada e há pessoas que correm um risco mais alto de sofrer estas lesões por pressão, como as que estão em cadeiras de rodas, os recém-nascidos em unidades de cuidados intensivos e os idosos. As consequências são feridas, infeções e dor. Preveni-lo é o que pretende um grupo de investigadores na Suíça.
O tratamento destes problemas é complexo e dispendioso. “Além disso, as doenças existentes podem ser exacerbadas por essas lesões por pressão”, refere o investigador da Empa, Simon Annaheim, que considera que seria mais sustentável prevenir a ocorrência de danos nos tecidos. Dois projetos de investigação em curso que envolvem investigadores da Empa estão agora a avançar com soluções: um colchão que iguala a pressão para recém-nascidos em unidades de cuidados intensivos e um sistema de sensores têxteis para paraplégicos e pessoas acamadas.
As exigências da pele
As exigências da nossa pele são completamente diferentes consoante a idade: nos adultos, a fricção da pele na superfície deitada, as forças físicas no tecido e a falta de respirabilidade dos têxteis são os principais fatores de risco.
Já a pele dos recém-nascidos que estão a receber cuidados intensivos é extremamente sensível e qualquer perda de fluido e calor através da pele pode tornar-se um problema. “Enquanto estes bebés particularmente vulneráveis estão a ser tratados para recuperarem a saúde, a situação deitada não deve causar quaisquer complicações adicionais”, afirma Annaheim.
Na sua opinião, os colchões convencionais não são adequados para recém-nascidos com pesos muito diferentes e com várias doenças. Por isso, a equipa de Annaheim está a trabalhar com investigadores da ETH Zurich, da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique e do Hospital Pediátrico Universitário de Zurique para encontrar uma superfície de repouso ideal para a pele delicada dos bebés. Este colchão deve ser capaz de se adaptar individualmente ao corpo, de modo a ajudar as crianças com um início de vida difícil.
Para o fazer, os investigadores começaram por determinar as condições de pressão nas várias regiões do corpo do recém-nascido. “Os nossos sensores de pressão mostraram que a cabeça, os ombros e a parte inferior da coluna vertebral são as zonas com maior risco de feridas de pressão”, diz Annaheim.
Estas descobertas foram incorporadas no desenvolvimento de um tipo especial de colchão cheio de ar: com a ajuda de sensores de pressão e de um microprocessador, as suas três câmaras podem ser enchidas com precisão através de uma bomba eletrónica, de modo a minimizar a pressão nas respetivas áreas. Um processo de laser infravermelho desenvolvido na Empa tornou possível produzir o colchão a partir de uma membrana de polímero flexível, com várias camadas, que é suave para a pele e não tem costuras irritantes.
Após um processo de desenvolvimento em várias fases no laboratório, os primeiros pequenos doentes foram autorizados a deitar-se no protótipo do colchão. O efeito foi imediatamente percetível quando os investigadores encheram o colchão de ar em diferentes graus, dependendo das necessidades individuais dos bebés: em comparação com um colchão de espuma convencional, o protótipo reduziu a pressão sobre as partes vulneráveis do corpo em até 40%.
Após este estudo piloto bem-sucedido, o protótipo está agora a ser otimizado nos laboratórios da Empa.
Sensores inteligentes previnem lesões
Num outro projeto, os investigadores da Empa estão a trabalhar na prevenção das chamadas lesões tecidulares por úlceras de pressão em adultos. Para tal, é necessário transformar os fatores de risco dos problemas de pressão e de circulação em sinais de alerta úteis.
Quando se está deitado na mesma posição durante muito tempo, os problemas de pressão e de circulação conduzem a uma falta de oxigénio nos tecidos. Embora a falta de oxigénio desencadeie um reflexo de movimento em pessoas saudáveis, este ciclo de feedback neurológico pode ser perturbado em pessoas com paraplegia ou em doentes em coma, por exemplo. Neste caso, os sensores inteligentes podem ajudar a alertar precocemente para o risco de danos nos tecidos.
No projeto ProTex, uma equipa de investigadores da Empa, da Universidade de Berna, da Universidade de Ciências Aplicadas OST e da Bischoff Textil AG em St. Gallen desenvolveu um sistema de sensores feito de têxteis inteligentes com análise de dados associada em tempo real.
“Os sensores têxteis compatíveis com a pele contêm duas fibras poliméricas funcionais diferentes”, diz Luciano Boesel do laboratório de Membranas Biomiméticas e Têxteis da Empa. Para além das fibras sensíveis à pressão, os investigadores integraram fibras poliméricas condutoras de luz (POF), que são utilizadas para medir o oxigénio. “Assim que o teor de oxigénio na pele diminui, o sistema de sensores altamente sensível assinala um risco crescente de danos nos tecidos”, explica Boesel.
Os dados são então transmitidos diretamente ao doente ou ao pessoal de enfermagem. Isto significa, por exemplo, que uma pessoa deitada pode ser reposicionada atempadamente antes de o tecido ser danificado.
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