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Efeitos dos microplásticos em fetos e crianças: conselhos para pais, decisores e empresas

microplásticos

Uma nova revisão internacional, realizada por investigadores, mostra não haver dados suficientes sobre o tipo de efeitos dos nano e microplásticos na saúde de bebés recém-nascidos ou durante a gravidez e a infância e faz recomendações para cientistas, decisores, indústria e pais sobre como reduzir os riscos causados pelo plástico, sobretudo durante a gravidez e a infância. 


O artigo refere que os produtos químicos associados aos plásticos têm sido alvo de estudos, mas o mesmo não acontece com as partículas de plástico, da mesma forma que o estudo toxicológico dos efeitos dos plásticos também não tem sido particularmente dirigido a grupos etários mais jovens, embora os seus mecanismos de defesa imunitária ainda não estejam desenvolvidos e as fases de crescimento e desenvolvimento os tornem muito vulneráveis.

O plástico decompõe-se em microplásticos, que geralmente têm menos de 5 mm de tamanho, e em nanoplásticos, com menos de 0,001 mm. Os micro e nanoplásticos são tão pequenos que podem chegar aos pulmões e à placenta, transportando também substâncias químicas nocivas para a saúde.

O artigo de revisão examinou a absorção de plásticos pela respiração, placenta, trato digestivo, amamentação e pele, prestando especial atenção ao uso de leite artificial, biberões e embalagens plásticas, bem como a forma como os plásticos podem ser absorvidos por fetos durante a gravidez, ou por um recém-nascido ou criança. Foram ainda examinadas as regulamentações e restrições quanto ao uso de plásticos nestas faixas etárias.

Não há, de momento, dados sobre o quanto as crianças absorvem microplásticos e não há muita investigação sobre o assunto. No entanto, alguns estudos estimam que as crianças já absorvem microplásticos no período fetal, o que os especialistas consideram alarmante.

Também não há estudos sobre como os micro e nanoplásticos são absorvidos na escola ou, por exemplo, quando as crianças brincam no chão, durante o qual os microplásticos são absorvidos a partir do pó ou dos materiais das fraldas. A dificuldade em estudar partículas pequenas com tecnologia moderna é um dos motivos da falta de estudos sobre o assunto.

Os investigadores estão muito preocupados com os microplásticos encontrados nas placentas. “Num futuro próximo, precisamos de estudar urgentemente os efeitos que a exposição a nano e microplásticos tem no desenvolvimento de fetos e crianças, bem como a jornada de plásticos dos biberões e embalagens para dentro do corpo e os seus efeitos em crianças”, refere um membro da equipa de pesquisa, Arja Rautio, da Universidade de Oulu, na Finlândia.

“É também importante aumentar a consciencialização dos pais e autoridades sobre os plásticos, além de reduzir o uso de plásticos, pois ainda não sabemos os seus efeitos a longo prazo nas crianças.”

Conselhos para reduzir risco dos microplásticos

A exposição a produtos químicos ambientais, como plásticos, durante a gravidez, primeiros meses de vida e infância é um importante tema de pesquisa para a equipa multidisciplinar internacional, e um assunto que requer comunicação, atenção e ações globais. De acordo com os especialistas, o uso de produtos químicos prejudiciais ao desenvolvimento deve ser restringido ou proibido para que a exposição possa ser evitada.

“Acreditamos que bebés e crianças estão desproporcionalmente expostos a nano e microplásticos – assim como a outros produtos químicos ambientais – devido aos seus comportamentos específicos da idade. A primeira infância é um momento crítico para o desenvolvimento do cérebro, por isso estamos preocupados”, afirma Kam Sripada, principal autor do artigo e neurocientista da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Para os pais, os investigadores aconselham a que se certifiquem de que a comida das crianças tem o menor contacto possível com plástico, que escolham produtos de higiene pessoal que contenham menos plástico e, no caso de obras em casa, prefiram materiais de construção que não contenham PVC ou outros plásticos.

Para os decisores, autoridades e indústria, recordam que a lista de direitos da criança da ONU inclui o direito ao mais alto nível possível de saúde, e um dos princípios do desenvolvimento sustentável é o objetivo de reduzir a quantidade de produtos químicos prejudiciais à saúde no meio ambiente.

Como há tão pouca informação sobre os riscos que os nano e microplásticos representam para as crianças, precisamos de cumprir os princípios de cautela e apoiar a monitorização e a pesquisa sobre o assunto.

Tanto os operadores nacionais como os locais têm o poder de reduzir a exposição aos plásticos, devendo a indústria e as empresas que fabricam produtos plásticos destinados a crianças e mulheres estudar, com responsabilidade, o quanto os produtos produzem nano e microplásticos e garantir que a emissão é mínima.

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