Dor, a perda de memória e a solidão são os principais fatores que levam cerca de dois terços dos idosos portugueses a avaliar o seu estado de saúde como não saudável, conclui um novo estudo.
Os dados resultam de uma amostra de pessoas com mais de 65 anos, residentes em Portugal, e integram o estudo realizado por Maria Piedade Brandão, docente da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e investigadora do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, e Margarida Fonseca Cardoso, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar.
A investigação analisou e comparou as perceções das ameaças à saúde e ao bem-estar entre os idosos de Portugal e da Polónia, dois países europeus que estão abaixo da média em medidas como o rendimento e a riqueza.
Ao todo, 69,2% dos idosos portugueses classificaram o seu estado de saúde como razoável ou mau, valor superior ao verificado entre os idosos polacos (66,5%), tendo, por cá, as mulheres uma maior tendência para avaliarem a sua saúde como razoável ou má, enquanto as pessoas viúvas têm mais tendência para se considerarem não saudáveis.
Dinheiro associado a saúde
Nos dois países, o dinheiro influencia a forma como se olha para a saúde, sobretudo a falta destes. Entre a amostra portuguesa, cerca de um quarto dos idosos declararam chegar ao final de cada mês sem dinheiro para as suas despesas, percentagem superior à encontrada na Polónia (14,8%).
O mesmo acontece com a dor. Entre as variáveis analisadas, esta está presente em mais de 80% dos idosos estudados que se dizem não saudáveis. O que, contas feitas, significa que os idosos portugueses com dor têm um risco nove vezes maior de reportar um estado de saúde razoável ou insatisfatório.
Também a falta de ar durante atividades do dia-a-dia e problemas mentais, como a solidão e a perda de memória, estão claramente associadas a perceções mais negativas sobre o estado de saúde e bem-estar.
A solidão é mesmo uma das mais importantes ameaças a ter em conta. Segundo este estudo, 71,9% dos idosos avaliados que não se consideram saudáveis dizem que se sentem sós e mais de metade dos que se consideram saudáveis referem este sentimento.