Pessoas com várias doenças apresentam uma associação maior à dor crónica, revela um novo estudo, realizado por especialistas da Universidade de Glasgow, na Escócia, naquele que é o primeiro estudo da prevalência deste tipo de dor em pessoas com um grande conjunto de problemas de longo prazo.
De acordo com o estudo, mais de metade (53,8%) das pessoas com duas ou três doenças crónicas, e cerca de 75% das pessoas com quatro ou mais, relataram dor crónica pelo menos num local. Isso significa que, respetivamente, essas pessoas tinham duas e quatro vezes mais probabilidade de sentir esta forma de dor do que uma pessoa que não tem de enfrentar problemas de longo prazo.
A dor crónica é definida como uma dor que dura três meses ou mais e pode ser sentida num local específico do corpo, como dor lombar, ou estar presente em vários locais.
Melhor a gestão da dor crónica
Ao todo, os 218.656 participantes relataram sofrer de dor persistente ao longo do tempo e, destes, mais de 36% apresentavam pelo menos duas doenças de longo prazo. Em mais de 31 diferentes problemas de saúde examinados, mais de 50% dessas pessoas sentiram uma dor que não passava.
Os participantes com quatro ou mais doenças de longo prazo tinham mais de três vezes a probabilidade de ter dor crónica e uma probabilidade 13 vezes maior de a ter generalizada, quando comparados com aqueles sem doenças de longo prazo.
Barbara Nicholl, especialista do Instituto de Saúde e Bem-estar da Universidade, não tem dúvidas que “este estudo é importante porque destaca uma área muito negligenciada da saúde – a saber, a coexistência de dor crónica e multimorbidades. O nosso estudo mostra que a presença deste tipo de dor deve ser um fator-chave a ser considerado na gestão das pessoas com duas ou mais outras condições a longo prazo”.
“No futuro, esta área precisa de mais investigação e consideração clínica. É essencial que os profissionais de saúde entendam o impacto da dor crónica nos resultados associados à saúde, a fim de informar as necessidades e a gestão dos cuidados em pessoas que sofrem deste tipo de dor, assim como de outras doenças”, acrescenta.
Para Neha Issar-Brown, também especialista no tema, considera que “estas descobertas são importantes não apenas para melhorar nossa compreensão da dor crónica associada a várias condições de longo prazo, mas também levarão a uma melhor gestão e tratamentos para milhões de pessoas que sentem o impacto devastador de viver com dor”.