A ideia de que somos o que comemos ganha cada vez mais força com dados, como os das European Cardiovascular Disease Statistics de 2017, que elegem os hábitos alimentares desequilibrados como o fator de risco que mais contribuiu para a mortalidade por doenças cardiovasculares. É por isso que a Associação Portuguesa de Nutrição (APN) lança o e-book: Dislipidemias: Caracterização e Tratamento Nutricional, que quer ajudar a mudar este cenário.
Chama-se dislipidemia à presença elevada ou anormal de lípidos no sangue, situação que, em 2016, foi responsável por 20 a 30% do total de mortes na Europa associadas às doenças cardiovasculares. Seja o colesterol elevado, os triglicéridos acima do normal ou uma mistura dos dois, aqui o risco é maior. E os cuidados com o que se põe no prato também devem ser.
Ovo, amigo ou inimigo?
No e-book agora disponibilizado, dão-se conselhos e deitam-se por terra alguns mitos. Como o do ovo. Por muitos transformado em inimigo de uma alimentação equilibrada, acusado de ter um elevado teor de colesterol, o ovo tem sido incompreendido, garante a APN, que esclarece:
“Este é um alimento interessante a nível nutricional, sendo maioritariamente constituído por água e proteína, possuindo quantidades moderadas de gordura.”
É rico em vitamina D, vitamina B12 e riboflavina (vitamina B2), uma boa fonte de vitamina A, vitamina B6, vitamina E, fósforo e ferro, para além de substâncias antioxidantes, “importantes na promoção da saúde cardiovascular”.
O que significa que “consumir até um ovo por dia não parece aumentar o risco de doença cardiovascular, desde que o seu consumo se enquadre num padrão alimentar saudável aliado a um estilo de vida ativo”.
Marisco no menu
Então e o marisco? Há quem garanta que é aqui proibido. No entanto, esclarece a APN, “de um modo geral, o marisco apresenta teores de gordura saturada muito baixos comparativamente com as carnes (inclusive as brancas) e muito semelhantes aos do peixe”.
Sim, é verdade que há alguns tipos de mariscos com concentração mais elevada de colesterol, mas “no que concerne ao consumo de marisco por doentes com dislipidemia, este é nitidamente permitido, sempre com a devida parcimónia e bom senso adjacentes a uma alimentação saudável, variada e equilibrada”.
Óleo de coco vs azeite
Tem vindo a ocupar um lugar cada vez mais importante numa alimentação que se quer saudável. No entanto, o óleo de coco é “uma gordura com um perfil lipídico predominantemente saturado (aproximadamente 82%)”.
Ou seja, tendo em conta que os ácidos gordos saturados estão associados ao aumento do colesterol, “o seu consumo regular é desaconselhado”. Aqui, o azeite, “sempre com a devida moderação”, surge como uma opção mais benéfica.