
A ULS Almada-Seixal (ULSAS) criou, recentemente, uma Consulta de Oncogenética, que permite personalizar e otimizar o tratamento em doentes oncológicos, reduzindo tempos de decisão terapêutica e necessidades de reintervenção, bem como identificar portadores saudáveis ou assintomáticos, para serem integrados em programas de redução de risco e rastreio personalizado.
Esta consulta multidisciplinar, destinada a doentes com cancro da mama, ovário e próstata, que cumpram com um conjunto de requisitos, está integrada na Unidade Funcional de Senologia, e é realizada em colaboração com o Serviço de Oncologia Médica, e, ainda, com os serviços de Imagiologia, Anatomia Patológica, Cirurgia Plástica, Ginecologia, Dermatologia e Urologia da ULSAS, com a análise genética a ser garantida de forma interinstitucional, pelo IPATIMUP, no Porto.
Desde 21 de novembro do ano passado foram realizadas meia centena de consultas, permitindo melhorar o acesso à saúde, reduzindo tempos de espera, custos e aliviando a sobrecarga dos Serviços de Genética Médica do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Esta nova Consulta de Oncogenética vem suprimir uma lacuna que existia na nossa área de influência, permitindo, por um lado, tratar os doentes de forma mais personalizada, adequada e célere, e, por outro, investir na prevenção e diagnóstico precoce. Parabéns a toda a equipa que permite dar passos de gigante no tratamento dos doentes oncológicos”, afirma Teresa Machado Luciano, presidente do Conselho de Administração da ULSAS.
Consulta de oncogenética, novo modelo de encaminhamento
Até à criação desta consulta, os doentes oncológicos com indicação para estudo genético eram encaminhados para a consulta de risco familiar do Instituto Português de Oncologia (IPO), em Lisboa, ficando a aguardar pela sua vez.
Agora, só os casos positivos são encaminhados para estudo familiar, no Serviço de Genética do Hospital de Santa Maria (ULSSM) ou do IPO de Lisboa. Contudo, mesmo nestes casos, o processo continua a correr, paralelamente, na ULSAS, sendo o resultado integrado, de imediato, na abordagem terapêutica do doente (médica e cirúrgica).
Os doentes podem ser encaminhados para a Consulta de Oncogenética da ULSAS por referenciação intra-hospitalar e extra-hospitalar.
Diagnóstico precoce do cancro hereditário
As Síndromes de Cancro Hereditário constituem cerca de 10% de todos os casos de cancro, tendem a desenvolver-se em idades mais precoces e são clinicamente mais agressivos, pelo que assumem particular importância.
No caso do cancro da mama, o mais incidente no Mundo, em Portugal são diagnosticados mais de 7.000 novos casos por ano, pelo que o número de tumores hereditários acaba por ser significativo, mesmo em termos absolutos. Para além disso, o estudo familiar permite a identificação de um número bastante superior de portadores assintomáticos, sobre os quais devem ser implementadas medidas de redução de risco e de rastreio.