O vírus sincicial respiratório afeta sobretudo crianças muito pequenas e nos meses de inverno. Mas este ano, os médicos estão a enfrentar um aumento incomum de casos fora da temporada. “É muito estranho ver este vírus nos meses mais quentes”, refere Priya Soni, especialista em doenças infecciosas pediátricas do Cedars Sinai, nos EUA. “Mas muitos de nós acreditam que, por causa das restrições associadas à pandemia do ano passado, bebés e crianças não foram tão expostos ao vírus como é normal e, agora, que estão a sair mais, são mais suscetíveis.”
Mas afinal o que é este vírus e o quão comum é? “É um vírus respiratório comum na infância, que atinge principalmente crianças pequenas, sobretudo com menos de cinco anos de idade”, refere a especialista, que acrescenta que “o vírus pode causar tosse e febre nas crianças e, às vezes, respiração ofegante”. Alguns dos infetados podem ainda apresentar “falta de apetite, irritabilidade e dificuldades respiratórias. Embora seja mais frequentemente tratado em casa, os casos graves podem levar as crianças ao hospital”.
Sendo um vírus respiratório, pode confundir-se com a COVID-19? A médica confirma que “se manifesta de forma semelhante à COVID-19”. Mas o que os pais devem saber é que, além dos sintomas comuns de febre e tosse, existem alguns sintomas diferenciadores. “Por exemplo, sabemos que a COVID-19 costuma apresentar sintomas únicos, como perda do paladar e do olfato, fadiga e dores musculares. Isso não é tão comum com o vírus sincicial respiratório.”
O tratamento consiste na gestão da febre, hidratação e, nos bebés pequenos, “a aspiração das secreções nasais para que possam respirar melhor é muito importante. Frequentemente, encorajamos também o uso de um humidificador. Em casos graves, algumas crianças e bebés requerem hospitalização para suporte de oxigénio e, em raras ocasiões, devem ser colocados em ventiladores. Normalmente, estes são os bebés que nascem prematuramente ou com doença pulmonar crónica ou outras doenças preexistentes, como problemas cardíacos congénitos”, refere a médica.
E quais as medidas preventivas? “A principal coisa que os pais podem fazer é continuar vigilantes quanto à higiene, a sua e a dos filhos. Isso significa encorajar a lavagem das mãos, especialmente depois de interagirem com outras crianças, e o uso de máscara, quando possível, sobretudo em ambientes fechados. Como acontece com todas as infeções respiratórias, é sempre uma boa ideia tossir e espirrar para um lenço de papel ou para o cotovelo em vez de usar as mãos.”