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Frustração feminina com o tratamento atual para infeções urinárias recorrentes

infeções urinárias

Mulheres com infeções urinárias frequentes dizem estar descontentes com o que consideram o uso excessivo de antibióticos prescritos pelos médicos e com as opções limitadas de tratamento disponíveis, revela um estudo realizado por investigadores da UCLA e do Cedars-Sinai, nos EUA.

O trabalho, publicado recentemente no Journal of Urology, destaca a necessidade de os médicos fazerem um melhor trabalho para descobrir porque é que as doentes têm infeções urinárias recorrentes, para desenvolver estratégias capazes de as prevenir e evitar o uso desnecessário de antibióticos que, com o tempo, pode levar à resistência aos medicamentos.

“Uma vez que já existe um tratamento comum para as infeções urinárias – antibióticos – muitos médicos não veem necessidade de fazer nada diferente”, refere a autora sénior, Ja-Hong Kim, professora associada de urologia na UCLA Health.

“Este estudo deu-nos realmente uma visão sobre a perspetiva do doente e mostrou que aqueles com infeções urinárias recorrentes estão insatisfeitos com a gestão atual da doença. Episódios contínuos podem ter um grande impacto na sua qualidade de vida.”

Mais da metade das mulheres desenvolverá uma infeção urinária em algum momento da sua vida, e aproximadamente uma em cada quatro terá infeções repetidas que podem durar anos. A muitas destas são dados antibióticos frequentemente ao longo da vida.

Os investigadores conduziram grupos de foco com 29 mulheres com infeções urinárias recorrentes, definidas como duas infeções em seis meses ou três num ano e as participantes foram questionadas sobre o seu conhecimento em relação às infeções urinárias e estratégias de prevenção e sobre o impacto do tratamento na sua qualidade de vida. Discussões que permitiram que os especialistas encontrassem dois temas comuns: medo e frustração.

As preocupações das participantes centraram-se sobretudo no uso de antibióticos. As mulheres relataram medo de receber prescrição de vários cursos de antibióticos desnecessariamente e desenvolver resistência. Algumas relataram também tratamento com antibióticos para sintomas que podem estar relacionados com outras doenças geniturinárias, como bexiga hiperativa.

“Outras doenças da bexiga podem causar sintomas semelhantes às infeções urinárias recorrentes, como frequência e urgência ao urinar, dor ao urinar e sangue na urina”, refere Kim.

“Podem ser sinais de bexiga hiperativa, cistite intersticial, cálculos renais ou na bexiga ou algo mais grave, como cancro da bexiga. Como médicos, realmente precisamos de ter cuidado em não apenas dar antibióticos aos doentes com esses sintomas sem verificar uma infeção urinária através de uma cultura de urina positiva.”

Como o diagnóstico atualmente leva 48 horas, as mulheres podem esperar dias antes de receberem o tratamento correto. Realidades que evidenciam claramente a necessidade de melhores ferramentas de diagnóstico, considera Kim.

Muitas participantes expressaram frustração e ressentimento em relação aos seus provedores de serviços médicos por lhes darem antibióticos sem apresentar opções alternativas de tratamento e prevenção e por não compreenderem a sua experiência com infeções urinárias. Além disso, muitas disseram que os seus médicos não as educaram adequadamente sobre os potenciais impactos negativos dos antibióticos; as mulheres, em vez disso, tiveram que contar com informações da Internet, revistas e TV.

Além de melhores diagnósticos, abordagens de tratamento e diretrizes, é fundamental uma melhor educação do paciente, diz Kim. “Precisamos de fazer um trabalho melhor para informar os doentes quando os antibióticos são necessários e quando considerar uma terapia alternativa para outras doenças da bexiga além das infeções urinárias.”

Kim e os colegas estão atualmente a trabalhar para melhorar o diagnóstico e o tratamento da infeção urinária, incluindo o desenvolvimento de vias abrangentes de atendimento ao doente, através das quais médicos de cuidados primários, ginecologistas e urologistas fornecerão educação e tratamento inicial.

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