Falta de ar e tosse são cada vez mais comuns como primeiros sintomas no diagnóstico de cancro do pulmão, revela um novo estudo, que alerta para a necessidade de maior atenção por parte dos médicos de clínica geral.
É um dos cancros com mais incidência no mundo e um dos que mais mata em Portugal. Melhorar o diagnóstico precoce, capaz de potencialmente salvar vidas, foi o objetivo de um estudo liderada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, cujos resultados foram publicados na revista British Journal of General Practice.
O trabalho partiu da análise dos sintomas que os doentes apresentavam primeiro ao médico, tendo sido examinados 27.795 registos de adultos diagnosticados com cancro do pulmão entre 2000 e 2017, em mais de 600 clínicas do Reino Unido.
Durante o período de 17 anos, a equipa verificou um aumento na tosse e na falta de ar como os primeiros sintomas relatados pelos doentes aquando do diagnóstico de cancro do pulmão.
E descobriu uma diminuição no número de pessoas que relatavam como primeiro sinal da doença tosse com sangue ou perda de apetite, geralmente considerado o principal sintoma do cancro do pulmão.
Willie Hamilton, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter e autor do artigo, considera que o estudo “mostra uma rápida mudança nos primeiros sintomas. Isso não é causado por qualquer alteração na biologia básica, mas estará, mais provavelmente, relacionado com uma deteção mais precoce”.
“Isso significa que o ensino deve mudar – os médicos devem estar atentos à tosse e falta de ar.”
Deixar o médico decidir sobre os sintomas de cancro do pulmão
Para Sara Hiom, diretora de diagnóstico precoce da Cancer Research UK, “este importante estudo indica que as pessoas estão agora a ir ao médico devido a diferentes sintomas associados ao cancro do pulmão, como tosse e falta de ar, possivelmente devido às campanhas de consciencialização feitas no passado”.
De acordo com a especialista, “a maioria das pessoas com estes sintomas não tem cancro do pulmão, mas vale a pena deixar o médico decidir se são necessários exames – porque se for cancro, um diagnóstico rápido e um tratamento rápido fazem toda a diferença”.