Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra (UC) está a desenvolver um projeto de investigação que pretende desvendar o impacto da prática regular de exercício físico na cognição e na função cerebral. Os investigadores pretendem descobrir que tipo de exercícios podem trazer mais benefícios para evitar o declínio cognitivo no envelhecimento.
O projeto Estudo dos efeitos do exercício regular no cérebro e em biomarcadores de neuroinflamação e neurogénese procura voluntários na região de Coimbra, com idades compreendidas entre os 55 e os 75 anos de idade, para participarem num programa de exercício gratuito durante 12 semanas, que vai decorrer em 2024 no Estádio Universitário de Coimbra.
“O exercício físico tem a capacidade de reverter ou atrasar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento”, contextualizam a docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da UC (FCDEFUC), Ana Maria Teixeira, e a investigadora da Faculdade de Medicina da UC (FMUC) e do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS), Maria Ribeiro.
Com este estudo “pretendemos investigar qual o tipo de programa de exercício que oferece um maior benefício e quais as alterações cerebrais que resultam do exercício e que melhor explicam as melhorias observadas”, explicam as coordenadoras do projeto.
“Os resultados desta investigação irão informar qual a melhor forma de usar o exercício físico para prevenir a perda de capacidades cognitivas e as doenças cerebrais associadas ao envelhecimento. Espera-se também um aumento da capacidade física e funcional dos participantes e consequente melhoria na qualidade de vida”, elucidam as investigadoras.
Exercícios feitos à medida
Os participantes vão ter a oportunidade de integrar um programa de exercício de duas sessões semanais de treino, cada uma com a duração de 45 minutos, ao longo das 12 semanas de intervenção. O programa de treino inclui exercícios de treino aeróbio de baixo impacto. As sessões vão ser orientadas e supervisionadas por um estudante de doutoramento em Atividade Física e Saúde.
A função cerebral e os biomarcadores de neurogénese (processo de formação de neurónios no cérebro) vão ser testados antes e depois dos programas de exercício, para aferir o impacto do programa na função cerebral dos participantes, através do eletroencefalograma (EEG), um exame neurofisiológico que regista a atividade elétrica do cérebro e permite estudar a sua função de forma não-invasiva, avaliação cognitiva e análises ao sangue.
São fatores de exclusão à participação no estudo problemas de saúde que impeçam a prática de exercício físico, historial de doença cardiovascular, neurológica ou psiquiátrica, traumatismo craniano ou consumo atual de substâncias psicoativas (por exemplo, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos ou betabloqueadores).
As inscrições para participação no programa de exercício decorrem até ao final deste mês e podem ser feitas em https://voluntarios.cibit.uc.pt/, através do e-mail mjribeiro@fmed.uc.pt ou do número de telemóvel 915 234 593.
Esta investigação vai contar com a participação de várias faculdades e centros de investigação da Universidade de Coimbra.