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Programa ajuda médicos a tornar realidade a medicina personalizada contra o cancro

medicina personalizada

A medicina de “precisão” procura adaptar os tratamentos às características de cada doente. Os estudos do genoma estão a fornecer cada vez mais dados para o conseguir, mas esta abundância de informação está a dificultar a tarefa: os médicos têm de interpretar inúmeras alterações genéticas e apenas algumas serão relevantes para diagnosticar o tipo e o estádio de cada cancro e decidir como o tratar. Para tornar real a medicina personalizada, a Unidade de Bioinformática do Centro Nacional de Investigação do Cancro (CNIO) e a Universidade de Vigo acabam de lançar o programa informático PanDrugs2, que gera relatórios para facilitar as decisões clínicas.

O PanDrugs2 analisa os dados genómicos de cada doente em busca dos chamados “alvos moleculares”, ou seja, moléculas sobre as quais atuam os medicamentos existentes.

A plataforma calcula um sistema de pontuação para os genes que são relevantes e outro para os medicamentos que podem atuar sobre eles. As pontuações mais elevadas são atribuídas aos medicamentos com maior evidência científica de eficácia contra os alvos terapêuticos detetados nos doentes e, a partir destas pontuações, a ferramenta gera uma classificação dos tratamentos

No total, processa dados sobre 4.642 genes e 14.659 compostos químicos únicos, tendo gerado 74.000 associações entre medicamentos e genes.

Medicina personalizada em forma de plataforma

“O PanDrugs2 tem como objetivo ajudar a consolidar a medicina de precisão na prática clínica”, afirma Gonzalo Gómez-López, investigador da Unidade de Bioinformática do CNIO e coautor do artigo. “Procurámos um formato de apresentação claro, muito fácil de interpretar pelos profissionais, mas ainda assim exaustivo. Queremos que todo o conhecimento disponível até à data seja útil nas consultas médicas.”

A PanDrugs2 é a primeira plataforma que tem em conta as mutações herdadas (ou germinais), além das originadas após a conceção (ou somáticas). Trata-se de uma informação essencial para a medicina de precisão, porque as mutações hereditárias “são responsáveis pelas variações entre indivíduos em termos da dosagem necessária de um medicamento. Ou pelo facto de uma substância ser mais eficaz do que outra”, explica Gonzalo Gómez-López.

Quanto à informação sobre os medicamentos, o PanDrugs2 classifica-os de acordo com o tipo de doença para a qual estão indicados, a resistência que podem gerar ou a fase clínica em que se encontram: em ensaio, aprovados nos EUA, aprovados na União Europeia, tratamentos experimentais, etc.

O programa é gratuito e de código aberto e, dada a sua enorme utilidade na investigação, oferece dois modos de consulta: o clínico, destinado aos profissionais médicos, que inclui nos seus resultados medicamentos aprovados e/ou em fase de ensaio clínico; e o modo de descoberta, destinado aos cientistas, que tem em conta os alvos terapêuticos diretos [genes mutados] e indiretos [outros genes que também estão envolvidos no desenvolvimento da doença], e inclui ainda tratamentos experimentais.

A nova versão é atualizada de forma semiautomática e mais rápida: “Passámos de atualizações em semanas para alguns dias. Isto facilita ainda mais a manutenção e o lançamento de novas versões”, afirma Gómez-López.

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