Scroll Top

Menos nove milhões de contactos presenciais nos centros de saúde e rastreios oncológicos

contactos presenciais

O acesso dos doentes não Covid aos serviços de saúde continuou dificultado, mesmo antes da segunda vaga da pandemia. Os cuidados de saúde primários registaram, nos primeiros dez meses deste ano, menos nove milhões de contactos presenciais médicos e de enfermagem. Nos hospitais, os contactos presenciais sofreram uma redução de 2,7 milhões entre janeiro e outubro de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Tal como noutros cuidados, a realização de rastreios está a ser muito afetada. Nos primeiros dez meses deste ano terão ficado por fazer 119 mil mamografias (uma queda de 16%), 81 mil rastreios do cólon e reto e houve menos 99 mil mulheres a realizar colpocitologia.

A análise foi feita pela MOAI Consulting para o Movimento Saúde em Dia, através de dados recolhidos no Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os dados são conhecidos hoje, 09 de dezembro, dia em que os representantes do Movimento Saúde em Dia são ouvidos pela Comissão Parlamentar de Saúde para transmitirem aos deputados a preocupação com o impacto da pandemia no SNS e a necessidade de uma intervenção urgente para repor os cuidados de saúde aos portugueses.

Dados que preocupam

A Ordem dos Médicos e a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, em parceria com a Roche, criaram no Verão deste ano o Movimento Saúde em Dia, que pretende alertar para a importância de não mascarar sintomas e de não adiar visitas ao médico perante sinais de alerta.

A análise atualizada dos dados de acesso ao SNS permite perceber que a pandemia de Covid-19 continua a afetar vários milhares de cidadãos, adiando consultas, cirurgias, diagnósticos e tratamentos. 

Em setembro, o Movimento Saúde em Dia tinha já apresentado dados dos primeiros sete meses deste ano. Agora, a conclusão desta nova análise continua a mostrar que permanece a redução acentuada da atividade assistencial.

Estes dados não contemplam ainda o mês de novembro, quando a tutela deu luz verde aos hospitais para suspender a atividade não urgente, pelo que é expetável que, até ao final do ano, o cenário seja ainda mais agravado.

Contactos presenciais que fazem falta

Nos cuidados de saúde primários, o panorama de redução de atividade é claro: houve menos 6,6 milhões de consultas médicas presenciais e menos 3,1 milhões de contactos presenciais de enfermagem. No total, são 9,7 milhões de contactos presenciais a menos do que o registado em 2019.

Só no último mês de análise (Outubro 2020), as consultas presenciais nos centros de saúde reduziram-se 40% e as consultas médicas ao domicílio decresceram 43%.

A análise à atividade hospitalar mostra um cenário idêntico: entre janeiro e outubro deste ano houve menos 2,7 milhões de contactos hospitalares, entre consultas, cirurgias e urgências.

Em termos percentuais houve menos 18% de primeiras consultas, menos 9% de consultas subsequentes, menos 21% de cirurgias programadas e menos 10% de cirurgias urgentes.

As urgências hospitalares mantêm a tendência de redução em comparação com 2019, com menos 27% de episódios. Entre estes não estão apenas os considerados pouco urgentes, triados com pulseiras verdes ou azuis. Aliás, os episódios triados com as pulseiras mais urgentes diminuíram 17% (pulseira vermelha), 21% (laranja) e 28% (amarela).

Nos meios complementares de diagnóstico e terapêutica (como análises e exames) só foi possível obter dados até setembro. Em comparação com o mesmo período de 2019, este ano realizaram-se menos 22 milhões destes atos. Na Medicina Física e de Reabilitação, por exemplo, a quebra foi de 32% (menos 10,6 milhões de procedimentos), enquanto na pneumologia e imunoalergologia a redução foi superior a 40%. 

Related Posts